Em 26 de janeiro passado, três menores (de 10, 12 e 13 anos) residentes próximo a Área de Proteção Ambiental – APA – do Gelado, na Zona Rural do município de Parauapebas foram interpelados por Guardas Florestais da empresa de segurança Prosegur, que presta serviços para a Mineradora Vale na região de Carajás, quando pescavam em um Igarapé dentro da Área de Proteção Ambiental.
Segundo relato do pai das crianças, que registrou Boletim de Ocorrência na 20ª Seccional de Polícia Civil de Parauapebas no dia posterior ao ocorrido, os menores foram admoestados de forma muito dura pelos funcionários da Prosegur.
Relata o pai que os seguranças apontaram armas de grosso calibre para os menores e os mandaram deitar no chão, humilhando-os, constrangendo-os e afirmando-lhes que, se voltassem ao local para pescar, seriam levados presos. À autoridade policial, o pai informou que não havia, no local, nenhuma placa proibindo a pesca artesanal e que as crianças naquele momento usavam apenas linha e anzol.
Em 02 de fevereiro, o pai compareceu com as três crianças a uma Unidade de Saúde na sede do município de Parauapebas sob a alegação de que elas estavam abaladas com a ação dos seguranças e passaram a apresentar problemas psicológicos depois do ocorrido na APA.
Em resposta ao Blog, a psicóloga que atendeu as crianças informou que elas passaram por uma avaliação psicológica por questões pontuais, e que naquele momento não foi identificada a necessidade delas passarem pelo tratamento psicoterápico. Todavia, a profissional, que é formada há 10 anos, informou que alguns traumas ou sintomas advindos de situação semelhante a relatada pelo pai podem demorar mais tempo para se desenvolverem.
Instada a se pronunciar, a Assessoria de Comunicação da Vale encaminhou nota informando “que possui regras de conduta e de respeito aos Direitos Humanos e exige o seu cumprimento por parte de todos os seus fornecedores e prestadores de serviço. Em apoio ao ICMBio e de acordo com a legislação vigente, a Vale mantém equipe de guardas florestais para atuar na proteção das unidades de conservação. Ao longo dos seus 75 anos de história, a Vale tem sido reconhecida pelo bom relacionamento com as comunidades vizinhas às suas operações, com as quais busca desenvolver um relacionamento pacífico e produtivo. A Vale aguardará a conclusão das investigações pelas autoridades competentes, a quem compete a apuração dos fatos“.
Já a Assessoria de Imprensa da Prosegur, em nota, confirma a abordagem no dia citado e negou que tenha ocorrido qualquer ato ilegal por parte dos seus funcionários. Confira a nota da Prosegur:
A Prosegur informa que todos os seus empregados são treinados, e passam por reciclagens periódicas conforme legislação federal, e que no dia 26/01/2018 houve o atendimento de uma ocorrência de ingresso indevido na Unidade de Conservação, sendo que todo o procedimento de abordagem ocorreu dentro da normalidade, sem abusos ou desrespeitos.