Rachar a conta da “viagem” foi a saída encontrada por uma empresa do Pará, a Maryne, para exportar pão de queijo congelado para os Estados Unidos.
Para ajudar nas despesas, a companhia divide o valor do transporte com o fabricante de outro produto típico da região: o açaí, conhecido como ouro negro da Amazônia. O corte nos custos fica entre 20% e 30%, segundo o diretor comercial da empresa, Délcio Sá.
A Maryne foi criada há 23 anos, quando sua mãe, Mary Anne, começou a vender pães de queijo para supermercados no Pará. Hoje, a companhia atende as regiões Norte e Nordeste do país usando a mesma receita mineira de sua avó.
A ideia de apostar no mercado internacional surgiu porque compradores estrangeiros mostravam interesse pelo produto. “Como a demanda bateu na nossa porta, vimos que era uma oportunidade”, disse Sá.
Transporte caro dificulta exportação
Com a divisão dos custos, a Maryne conseguiu se livrar desses problemas, e o pão de queijo congelado começou a ser vendido neste ano para Flórida e Califórnia. A empresa já pensa em expandir as exportações para as Américas Central e do Sul, Europa e Ásia.
O investimento para passar a exportar foi de R$ 250 mil e o retorno é esperado em dois ou três anos. Para 2017, a expectativa é de que a exportação represente 30% do faturamento, disse Sá. O lucro não foi revelado.
Freezers nos EUA causaram mudança de embalagem
A preparação para começar a vender seu produto no exterior levou cerca de um ano, segundo Sá, pois a empresa precisou estudar as leis e exigências do mercado externo.
Foi preciso adaptar a embalagem do produto: no Brasil, a maioria dos modelos de freezer nos pontos de venda são horizontais; nos EUA, eles são verticais; isso altera a forma como a embalagem é vista pelos clientes.
Também foi criado um nome para facilitar a pronúncia: Breadzil –uma junção de pão (bread, em inglês) com Brasil. Por aqui, os produtos levam o nome Jeito de Minas.
Programa ajuda empresa a exportar
Nesse processo, a empresa procurou ajuda da Confederação Nacional das Indústrias. Segundo Sarah Saldanha, gerente de Serviços de Internacionalização da CNI, os interessados nesse serviço devem procurar o Centro Internacional de Negócios na federação de indústria de seu Estado (endereços disponíveis no site http://www.cin.org.br).
Eles fazem uma análise da companhia, verificam a viabilidade da exportação, ajudam com a documentação e a identificar parceiros estrangeiros.
Segundo Saldanha, o primeiro passo para quem quer começar a exportar é fazer um bom planejamento, conhecer as leis do setor e saber as regras tanto do mercado doméstico, quanto do internacional.
Depois, é preciso avaliar uma possível adaptação do produto, pesquisando as características do país que receberá o item. Outro cuidado, afirma, é pensar na sustentabilidade do negócio, ou seja, como vai fazer para se manter no mercado externo.
Se entrou nos EUA, fica mais fácil
Dividir os custos de exportação com outros fabricantes é uma boa saída para quem está começando e quer economizar, de acordo com a professora de administração da Universidade Presbiteriana Mackenzie Francisca Grostein.
Ela diz que deve haver parceria e acordo sobre o cliente estrangeiro para evitar problemas no futuro.
O empresário deve estar preparado também para uma avaliação rígida de seu produto, principalmente nos Estados Unidos. “Produtos alimentícios precisam passar por uma rigorosa seleção. Mas, uma vez garantida a certificação, ela dá credencial para entrar em outros mercados, já que a vigilância americana é bem criteriosa”. (UOL)