Na região Norte do país, 337 trabalhadores em situação semelhante à escravidão foram resgatados no ano passado. Em todo o país, foram quase 1.600.
A maior parte das pessoas trabalhava nas atividades da Construção Civil, Agricultura, Pecuária e Extração Vegetal. A informação foi divulgada nessa quarta-feira pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
O Pará é o estado do Norte com o maior número de casos identificados de trabalho escravo. No ano passado, foram 107. Em segundo lugar, vem Tocantins, com 90 registros e em terceiro, o Acre, com 74 trabalhadores resgatados em situação de escravidão.
No estado do Amazonas, os fiscais do trabalho encontraram 41 casos. Mas o chefe de Fiscalização do Trabalho Escravo do Ministério do Trabalho, Alexandre Lyra, acredita que esse número pode ser ainda maior por causa da dificuldade de se chegar a alguns locais no estado.
A pesquisa foi divulgada nessa quarta-feira (28) em referência à Semana de Combate ao Trabalho Escravo e ao Dia Nacional do Auditor Fiscal do Trabalho.
A categoria participou de um ato em Brasília para pedir a condenação dos acusados pela chacina de Unaí, Minas Gerais, há 11 anos.
Em janeiro de 2004, três fiscais do trabalho e um motorista do Ministério do trabalho foram mortos durante uma operação no município mineiro. Nove pessoas foram indiciadas pelo crime. Até hoje, apenas 3 foram julgadas e condenadas.
Para Jônatas Andrade (foto), juiz federal do trabalho, a data é de importância fundamental. Segundo ele, “o instrumento que permite ao cidadão comum a participação no bolo da riqueza nacional, representada por R$1,2 trilhão do PIB, é o trabalho. É através do trabalho que o cidadão vai buscar seu quinhão nesse bolo. Esse instrumento não pode, portanto, ser escravizante, degradante, indigno. Nosso acordo de convivência (CF) assim o estabelece. A República tem como fundamento os valores do trabalho que possibilitam a vida em sociedade”.
Jônatas Andrade é juiz titular da 2ª Vara do Trabalho da Comarca de Marabá, e há anos vem sendo premiado com as mais importantes comendas nacionais em relação a sua função e aos Direitos Humanos, tais como o Prêmio Direitos Humanos 2012, recebido das mãos da presidente Dilma Rousseff; João Canuto 2013; e Paulo Frota 2014.
Baixa escolaridade
Ainda segundo dados divulgados pela CPT, dos quase 1.600 trabalhadores resgatados de condições análogas a de escravo em 2014, 39,3% não tinham concluído o 5º ano do ensino fundamental, 32,8% eram analfabetos e 14,6% tinham do 6º ao 9º ano escolar incompletos. Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontam que a maior parcela desses trabalhadores tinha como estado de origem o Maranhão (23,6%), seguido da Bahia (9,4%), do Pará (8,9%), de Minas Gerais (8,3%) e do Tocantins (5,6%). De acordo com a CPT, o perfil do trabalhador resgatado se mantém com a predominância de migrantes do interior em busca de trabalho fora do estado de origem.