Terceiro menos competitivo. Essa é a condição atribuída ao Pará na edição 2019 do novíssimo “Ranking de Competitividade dos Estados”, que acaba de ser lançado pelo Centro de Liderança Pública (CPL), que o produziu em parceria com a consultoria Tendências e a Economist Intelligence Group. O Blog do Zé Dudu analisou atentamente as 169 páginas do relatório completo do estudo, disponibilizado na tarde de ontem (18), e concluiu que o mais rico estado da Região Norte, que já não tinha ido muito bem na edição de 2018, acaba de encostar-se ao fundo do poço.
Fundamentado em 71 indicadores distribuídos em dez pilares (infraestrutura, sustentabilidade social, segurança pública, educação, solidez fiscal, eficiência da máquina pública, capital humano, sustentabilidade ambiental, potencial de mercado e inovação), o ranking revela que, de um ano para outro, o Pará regrediu nove posições no tocante à eficiência da máquina e duas em potencial de mercado. Na prática, a terceira colocação do Pará implica dizer, grosso modo, que o estado é o terceiro pior quando o assunto é atrair negócios.
No comparativo com as demais Unidades da Federação, o Pará também piorou nos quesitos sustentabilidade social (da 25ª colocação para 26ª posição), segurança pública (da 19ª para 21ª) e sustentabilidade ambiental (da 23ª para 25ª). A nota da educação paraense para composição o ranking, numa escala de 0 a 100, é de vergonhosos 8,2 pontos, a segunda pior do país. Em infraestrutura é 13,8, a terceira mais baixa.
Cabe destacar que os indicadores de que as entidades organizadoras do estudo se valem dizem respeito a uma realidade do Pará compreendida entre os anos de 2016 e 2018 — os mais recentes disponíveis para dados estatísticos integrais e consolidados. Praticamente todos eles, inclusive, já foram explorados pelo Blog do Zé Dudu em diversas reportagens, não sendo, portanto, novidade a mais “nova” posição vexatória do estado, já anunciada aqui em verso e prosa.
Pará não toma jeito. Nem rumo.
O Centro de Liderança Pública diz que a competição saudável faz com que estados e municípios busquem melhorar seus serviços públicos, atraindo empresas, trabalhadores e estudantes para ali viverem e se desenvolverem social e economicamente. Mas, no caso do Pará, o atraso que o condena a ser um dos últimos em quaisquer ranqueamentos que se façam torna o estado motivo de opróbrio e um dos menos atrativos para investimentos que gerem emprego e renda à população paraense. Seu principal atrativo no momento — os recursos minerais, que assanham mineradoras que enriquecem à custa da falência social de milhões de paraenses — são finitos.
O Blog do Zé Dudu vem insistentemente reportando a necessidade de o estado reinventar-se, prioritariamente em áreas basilares, que são educação, saúde, saneamento básico e segurança, nas quais o estado se encontra comprovada e historicamente na lanterna. Essas áreas têm forte impacto na formação e composição de um capital humano qualificado, saudável e eficiente, que no médio prazo seja capaz de dar frutos ao Pará, por meio da dinamização de empregos formais e massa salarial. Se o básico não for priorizado com investimentos arrojados, o estado estará fadado ao fracasso social e econômico.
A cada dia, o Pará está mais distante do grau de desenvolvimento hoje experimentado pelos estados de São Paulo, Santa Catarina e Paraná, que, juntos com o Distrito Federal, são os primeiros colocados do país quando o assunto é competitividade e progresso social. Há um constante revezamento das melhores posições entre as Unidades da Federação do Sudeste, do Sul e, mais recentemente, do Centro-Oeste. O Pará, no entanto, parece ter parado no tempo. Está na hora de reagir e encontrar o rumo.