Com economia altamente centrada na exportação de commodities primárias, particularmente no minério de ferro, o Pará tem sofrido para se manter entre os grandes medalhões nacionais. Após ameaçar o 3º lugar do estado do Rio de Janeiro em 2020 e 2021 no ranking das transações comerciais, ele foi oficialmente ultrapassado pelo Mato Grosso este ano e corre o risco de encerrar 2022 atrás, também, do Paraná e do Rio Grande do Sul. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou microdados da balança comercial que acabam de ser liberados nesta sexta-feira (9) pelo Ministério da Economia.
As pernas bambas do Pará na linha tênue das exportações estão intimamente ligadas à atividade mineral na Serra dos Carajás. Isso porque o minério de ferro produzido lá ― cuja cotação para o produto com pureza média de 62% chegou a 230 dólares no ano passado ― viu o preço despencar para menos de 100 dólares a tonelada este ano e a produção física, o volume de toneladas em si, também não tem sido das melhores.
Para se ter ideia do “estrago” no nicho do minério de ferro, em agosto do ano passado o Pará exportou 2,787 bilhões de dólares da commodity, enquanto este ano, no mesmo mês, as transações baixaram a 1,156 bilhão. No acumulado de janeiro a agosto do ano passado foram 15,506 bilhões de dólares ante 8,851 bilhões no mesmo período deste ano, queda inimaginável e assustadora de 42,9% e que terá reflexos em alguns meses nas contas públicas.
A derrocada no mês passado no comparativo com agosto do ano anterior foi ainda mais severa, de 58,5%, e revela a situação dramática do estado para se manter entre os destaques comerciais do ano. A propósito, a ausência do Pará entre os líderes da produção nacional de commodities não é mera matéria estatística, mas repercute por todo o país, especialmente porque num passado não muito distante o Pará era a Unidade da Federação que mais dava lucro às contas nacionais na balança comercial, com seu robusto superávit.
Soja ganha terreno no Pará
O Blog do Zé Dudu espalhou em julho, em primeira mão, que a soja havia ocupado assento no “Top 3” das exportações do estado (relembre aqui). Mas não é só isso: o produto vai tão bem, obrigado, que deve encerrar o ano como a segunda commodity paraense mais valiosa, uma vez que acumula 1,232 bilhão de dólares exportados este ano, ligeiramente abaixo do hidróxido de alumínio, 1,256 bilhão, e à frente do cobre, 1,071 bilhão, este o qual caiu junto com o minério de ferro 33,9%. Se tudo der certo, a soja ultrapassa o alumínio até o final de outubro.
Outro destaque inesperado em agosto foi o milho, produto que o estado exportou no montante de 69,87 milhões de dólares, quase cinco vezes mais que os 14,6 milhões exportados em agosto do ano passado. A força das commodities agrícolas, que estão literalmente salvando a pátria no Pará, mostra que 2022 é o ano delas.