Pará dobra número de crianças leitoras e cresce 47% na avaliação de fluência

Programa Alfabetiza Pará, da Seduc, já realizou avaliação de fluência leitora e escrita em alunos da rede pública de 142 municípios

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O estado do Pará mais que dobrou o número de crianças leitoras. No início de 2023, apenas 18% dos estudantes que cursavam o 2° ano do Ensino Fundamental em escolas da rede pública estadual e municipal conseguiam ler fluentemente. Hoje, após um ano do programa Alfabetiza Pará, coordenado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc), o número já chegou a 47%. O resultado positivo foi divulgado na última quinta-feira (21), durante um encontro com prefeitos e secretários municipais de Educação do Pará, no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia.

“O Alfabetiza Pará é uma política muito importante, o foco na alfabetização na idade certa é fundamental. Se a criança não sabe ler, ela não vai conseguir aprender matemática, ciências, história, não vai conseguir aprender nada. Por isso que estamos focando, junto com os municípios em um trabalho, em regime de colaboração, para garantir que toda a criança seja alfabetizada e com isso, encontramos um número muito alto de crianças que aos 8 anos, ainda não foram alfabetizadas e é essa a mudança que a gente está buscando. Antes eram 78% das crianças não alfabetizadas na idade certa, hoje a gente já reduziu esse número para cerca de 53%, ou seja, estamos avançando,” disse o secretário de Educação do Pará, Rossieli Soares.

Lançado em janeiro de 2023, o programa Alfabetiza Pará, que, em regime de colaboração, auxilia os 144 municípios do estado no desenvolvimento dos estudantes dos anos iniciais durante o período de alfabetização, tem desenvolvido papel fundamental na busca por resultados significativos na alfabetização de crianças na idade certa, como explica Carla Reis, diretora de Educação Infantil e Ensino Fundamental e coordenadora do Alfabetiza Pará. 

“A importância da alfabetização na idade certa garante ao estudante o direito de aprender e é fundamental para que as crianças consigam seguir sua trajetória escolar com sucesso. O nosso objetivo com a implementação dos eixos do Alfabetiza Pará neste sentido não se resumem ao domínio das habilidades de leitura e escrita previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas sobretudo garantir que essas habilidades neste ponto inicial da trajetória escolar solidifique todo o aprendizado escolar dos anos seguintes, em todas as áreas de conhecimento,” destacou. “Com olhar no futuro de nossos estudantes paraenses, em regime de colaboração com os municípios, estamos combatendo possíveis defasagens na aprendizagem, distorções idade-série, perda de interesse pela escola, evasão e reforço de desigualdades e exclusões educacionais e socioeconômicas”.

Ao todo, 143 municípios paraenses já aderiram ao programa. Desses, 140 realizaram formações de professores alfabetizadores e 142 realizaram a avaliação de fluência leitora dos estudantes. O município que teve o melhor resultado na avaliação de fluência leitora foi Peixe-Boi, na região nordeste do estado. Entre os municípios que se destacaram na avaliação estão: Ulianópolis, Piçarra, Capanema, Vitória do Xingu, Santarém Novo, Magalhães Barata, Santa Cruz do Arari, Mãe do Rio e Rondon do Pará.

Avaliação de Fluência Leitora 

Como parte das ações, o programa Alfabetiza Pará realiza a avaliação de fluência leitora e escrita nos municípios que já aderiram à iniciativa e distribui continuamente material didático às redes municipais que fazem parte do programa no estado. No ano passado, foram distribuídos 829 mil materiais didáticos para estudantes e docentes do 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental 1, sendo 788 mil materiais para os alunos e 41 mil para os docentes.

Impactos

A pequena Yasmin Valentina Souza, de sete anos, estudante do 2° ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Gregório de Almeida Brito, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, está quase se tornando uma leitora fluente e conta como tem sido o processo de aprendizado.

“Eu sei ler mais ou menos porque ainda estou aprendendo, mas já aprendi muito porque a minha professora do ano passado ensinou a leitura e a gente escrevia. Eu fazia a leitura do caderno para aprender e deu certo,” disse. “Eu gosto muito de estudar, aqui na escola a gente estuda quase tudo como matemática, língua portuguesa e ciências. Dessas matérias, eu gosto mais de matemática, gosto dos números”.

Já para Ewellyn Ashley Santos, também de sete anos e estudante do 2° ano do Ensino Fundamental da Escola Gregório de Almeida Brito, o trabalho realizado pela escola e o apoio que recebe dos pais em casa foram diferenciais para que se tornasse uma leitora fluente. “Eu já sei ler, minha mãe me treinou muito. Ela pegava um caderno antigo e escrevia palavras difíceis para eu tentar acertar e falar. Eu não conhecia as palavras, mas agora conheço. Aqui na escola fazemos muitas atividades e minha matéria preferida é a língua portuguesa porque a gente pode ler,” revelou a estudante.

Após aplicar a avaliação de fluência leitora, a professora Jocélia Lima conta que o investimento feito na educação das crianças, por meio do programa, tem dado resultados positivos: “Esse investimento que está sendo realizado no Alfabetiza Pará tem nos dado um suporte maior para trabalhar com a comunidade escolar. O foco no aprendizado das crianças na idade certa tem sido muito grande com bastante atividades e a própria família dos estudantes tem colaborado para o aprendizado das crianças, ajudando no dia-a-dia”. 

“E depois de aplicar a avaliação de fluência leitora, eu percebo que a turma está muito bem. Evoluiu bastante. Eles já vieram de um processo contínuo de aprendizado desde o ano passado e a gente continua intensificando o processo de leitura diária, seja em língua portuguesa, matemática ou outras disciplinas,” disse.

Para a diretora da Escola Gregório de Almeida Brito, Karina Corrêa, o programa Alfabetiza Pará é uma iniciativa importante e fundamental para o desenvolvimento das crianças e alfabetização na idade certa. De acordo com a gestora, na escola, o projeto é primordial. “A Seduc dá suporte às escolas com as formações, tanto para vice-diretor pedagógico, como para o diretor, e as professoras do 1° e 2° anos do Ensino Fundamental. Acredito que esse programa vai crescer ainda mais. Claro que é um desafio para nós, mas os resultados estão vindo e isso é reflexo de um bom trabalho feito desde o 1° ano. Nossas professoras são excelentes, muito comprometidas com as crianças e com a educação,” enfatizou.

(Texto: Fernanda Cavalcante – Ascom/Seduc)