Os indicadores ruins em infraestrutura, educação, inovação, sustentabilidade ambiental, sustentabilidade social e capital humano puseram o estado mais rico da Região Norte, mais uma vez, entre os cinco menos atrativos para negócios no país, de acordo com o “Ranking de Competitividade dos Estados 2020”. O estudo, divulgado nesta quinta-feira (17) pelo Centro de Liderança Pública (CLP), é uma espécie de termômetro da saúde socioeconômica das 27 Unidades da Federação com base em dez temas e dezenas de microindicadores.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou a performance do Pará no levantamento que tem 170 páginas e é recheado de dados consolidados dos anos de 2018 e 2019, utilizados para traçar o cenário do estudo. O Pará até melhorou uma posição no ranking em relação à edição de 2019, mas ainda assim continua no final da fila. Hoje, é o 24º mais competitivo, ou simplesmente o 4º menos atrativo entre as 27 Unidades da Federação.
O Blog fez uma compilação da posição do estado nos dez indicadores que norteiam o ranking nacional:
- Sustentabilidade social: 2º pior
- Educação: 2º pior
- Capital humano: 2º pior
- Infraestrutura: 3º pior
- Sustentabilidade ambiental: 4º pior
- Inovação: 5º pior
- Eficiência da máquina pública: 9º pior
- Segurança pública: 13º melhor
- Potencial de mercado: 9º melhor
- Solidez fiscal: 3º melhor
Numa escala de 0 a 100, por exemplo, a nota do Pará é de 1,4 ponto. São Paulo, considerado o estado mais competitivo do país, tirou 100, a nota máxima. Em capital humano, de 0 a 100, a nota do Pará é de vergonhoso 0,3, enquanto o Distrito Federal alcança 100 pontos. Já em sustentabilidade social a nota é 4,7, ao passo que em Santa Catarina o desenvolvimento nesse quesito cravou os 100. No recorte em que o Pará vai melhor, solidez fiscal, por causa de suas robustas receitas e seu baixo grau de endividamento, a pontuação chega a 83. Mas o Espírito Santo, líder no segmento, crava a máxima de 100 pontos.
Confrontando a competitividade do Pará com os estados do topo (1º SP, 2º SC, 3º DF, 4º PR e 5º ES), é como se o estado do Norte estivesse algo em torno de 20 anos atrasado em relação às demais Unidades da Federação. Atrasado e sem força motriz para impulsioná-lo a sair do abismo social a que vem sendo, por décadas, lançado.
Até o estado do Maranhão, que avançou três posições em relação ao ranking de 2019, hoje já é mais competitivo que o Pará, ocupando a 23ª colocação. Na edição anterior, o Maranhão era o 26º. Essa melhoria considerável e que retirou o estado nordestino do troféu de prata da falta de competitividade se deve a investimentos em educação e infraestrutura, que, ao longo dos anos, têm trazido reflexos positivos.
No caso do Pará, na análise dos microindicadores, o estado é lanterninha geral em áreas e serviços essenciais, como oferta de rede de esgoto, formalização no mercado de trabalho, população economicamente ativa com diploma universitário e qualidade dos serviços de telecomunicação. Isso pesa na concepção do estudo porque os investidores geralmente correm de lugares onde o esgoto corre a céu aberto, onde ambulantes são a maioria, onde falta mão de obra qualificada e onde a tecnologia é do tempo das cavernas.
O resultado do estudo escancara algo por demais óbvio, ainda assim negligenciado pelos gestores públicos paraenses: o estado está obsoleto e passou da hora de se modernizar, principalmente do ponto de vista do atendimento às necessidades básicas da população.