Quase 3 milhões e 800 mil paraenses estão abaixo da linha da pobreza por sobreviverem em domicílios cuja renda por pessoa é inferior a 5,5 dólares. Esse exército de cidadãos vulneráveis à fome corresponde a 44,3% da população do estado, o que faz o Pará ter, proporcionalmente, o quinto maior volume de pessoas pobres, sendo superado apenas por Maranhão (53%), Alagoas (48,4%), Amapá (45,8%) e Amazonas (45,7%).
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que vasculhou os números do estudo “Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2019: Uma Análise das Condições de Vida da População Brasileira” divulgado na manhã desta quarta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa traz um apanhado de informações obtidas em 2018 por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada pelo próprio IBGE e detalha as condições socioeconômicas dos brasileiros em nível de estado, região metropolitana e capital.
O Pará, como continuamente o Blog do Zé Dudu vem divulgando, vai mal em desenvolvimento. Hoje, a quantidade de pessoas pobres no estado é duas vezes e meia a população inteira do Tocantins. Segundo o IBGE, o impacto do combate à pobreza aos cofres públicos seria de R$ 707,16 milhões por ano. O Blog calcula que isso corresponde a 3,6% da atual receita líquida arrecadada pelo Governo do Estado.
Se nada for feito em prol do desenvolvimento humano local, o Pará vai desfilar no próximo ranking do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), responsável por elaborar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), confirmando seu “destino” de um dos lugares mais atrasados do Brasil.
1 milhão de paraenses na miséria
Ser pobre não é o bastante no Pará. O estado passa vergonha por ser, também, miserável, conforme apontam os números do IBGE. A SIS 2019 revela que 999,8 mil paraenses estão em situação de pobreza extrema (ou miséria absoluta), sobrevivendo neste exato momento em famílias nas quais a renda não passa de 1,9 dólar por pessoa. Nem Minas Gerais, que tem duas vezes e meia o tamanho da população paraense, tem tanta gente na pindaíba assim.
Essa é uma cena cruel num lugar que, atualmente, é o quinto maior exportador de commodities do país e o segundo em superávit comercial. Lamentável é saber que a extrema pobreza no estado evoluiu, quando o ideal seria reduzir e até erradicar. O Blog levantou que na pesquisa do IBGE divulgada no ano passado o número de extremamente pobres era de 893,5 mil pessoas. Para erradicar a miséria, o Governo do Estaria teria de investir maciçamente R$ 62,9 milhões anualmente.
Na prática, de um ano para outro, enquanto a produção de riquezas do estado aumentou, as exportações prosperaram 1,5 bilhão de dólares e a arrecadação do governo local ampliou ganhos de R$ 1 bilhão, o Pará afundou, ganhando de presente 106 mil novos miseráveis, o equivalente a adicionar uma cidade inteira do tamanho de Tucuruí só com pessoas com chances concretas de passar fome hoje, amanhã e não se sabe até quando.
Nordeste e Sudeste em um só Pará
Além das informações sobre pobreza, aSíntese de Indicadores Sociais revela um Pará cada vez mais contraditório em si mesmo. Em um só território, é possível encontrar rincões de miséria, sobretudo nas regiões do Marajó e do oeste do estado, e ilhas de prosperidade concentradas essencialmente na capital. De acordo com o IBGE, o rendimento médio do paraense em 2018 foi de R$ 844,97, pouco acima da média da Região Nordeste, de R$ 815,33, e abaixo da média da Região Norte, de R$ 886,46.
Mas o rendimento médio na capital paraense, Belém, de R$ 1.672,47, é o maior da Região Norte, supera a média de todos os estados da Região Nordeste e fica acima até da média da Região Sudeste, de R$ 1.639,17, a mais desenvolvida do país. De 2017, quando a renda belenense estava em R$ 1.234,16 para 2018, o rendimento em Belém deu um salto de quase R$ 450. Foi o maior avanço do país.
O que o IBGE revela hoje está em linha com análise feita pelo Blog do Zé Dudu sobre a capital do Pará (relembre aqui), considerando-se apenas números isolados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais). O Blog observou que Belém foi a capital brasileira que mais prosperou no ano passado graças à farta geração de empregos formais e à elevação substancial do rendimento do trabalhador. A diferença entre os rendimentos expressos na Rais e na pesquisa do IBGE é que esta última calcula uma média até mesmo para quem não está empregado, enquanto a Rais só leva em conta os empregos formais.