Pará é único entre potências a encolher na balança comercial

No 1º bimestre, transações comerciais originárias do estado retraíram 33% em relação a 2021, favorecendo ultrapassagem de MT, RS e ameaça do PR. Mau tempo vêm da região de Carajás

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Os primeiros meses do ano não têm sido bons para as exportações do Pará, acostumado com números graúdos. A maior economia da Região Norte, que encerrou 2021 entregando o maior lucro ao Brasil e ameaçando tirar do Rio de Janeiro o 3º lugar na balança comercial, agora assiste à ultrapassagem de outras Unidades da Federação e a ameaça das que vêm atrás. No primeiro bimestre deste ano, o Pará exportou 2,727 bilhões de dólares, bem menos que os 4,077 bilhões de dólares do mesmo período do ano passado. É como se tivesse perdido o faturamento de uma Bahia.

As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados consolidados da balança comercial recém-divulgados pelo Ministério da Economia. O Pará é o único entre os 11 bilionários exportadores que apresentou retração nas transações comerciais em relação ao ano passado. E é um dos três do Brasil a encolher — junto com os vizinhos Amazonas e Amapá — entre todos os estados brasileiros.

A queda de 33,1% nas exportações está ligada diretamente a Carajás, particularmente aos municípios de Parauapebas e Canaã dos Carajás, maiores produtores nacionais de minério de ferro. Como analisado pelo Blog do Zé Dudu ontem (9), esses dois municípios têm importância basilar para o sustentáculo do superávit comercial do país e do Pará, mas se pautam e são pautados pelas tendências do mercado internacional de commodities (relembre aqui), sobretudo pelos preços praticados nos portos chineses, para onde seguem cerca de 60% do carregamento de minério de ferro extraído em solo paraense.

Qualquer movimento que afete a produção física ou financeira nas minas das serras Norte, Sul e Leste de Carajás tem repercussão de dimensão escalar no Pará. Uma parte considerável de alguns muitos bilhões das finanças do Governo do Estado está intrinsecamente ligada ao faturamento da indústria extrativa mineral, que tem na região de Carajás e na figura da multinacional Vale as principais referências, embora existam outras mineradoras multinacionais em operação nos quatro pontos cardeais do estado. Ninguém lavra com a força, a expertise, a intensidade e a gulodice da Vale.

Devido ao desempenho pífio no primeiro bimestre, o Pará acabou ultrapassado pelos estados de Mato Grosso e Rio Grande do Sul, referências na agroexportação, e está a apenas 20 milhões de dólares de sucumbir ao Paraná. As exportações do Pará já eram historicamente inferiores às de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, mas chegaram a ameaçar estes dois últimos em diversos momentos do ano passado.