A mineradora Vale resolveu fazer caixa e ampliar sua capacidade de investimento em projetos prioritários e decidiu vender à mineradora canadense Silver Wheaton a produção de ouro da mina do Salobo (PA) e das minas de níquel do Sudbury (Canadá), nas quais o metal precioso é um subproduto. O negócio foi fechado nesta quarta-feira (6) por US$ 1,9 bilhão. A empresa pretende fortalecer, principalmente, os empreendimentos ligados à produção de minério de ferro.

De acordo com a Vale, o preço de referência será o menor entre US$ 400 por onça (medida universal do ouro), mais um ajuste anual para a inflação de 1% a partir de 2016, no caso do Salobo. Já o preço de mercado será o da ocasião da venda. A operação envolveu o pagamento do valor em dinheiro e imediato. A mineradora se comprometeu, ainda, a fornecer 70% do fluxo das minas canadenses de níquel pelo período de 20 anos, e 25% do ouro produzido no Pará durante toda a vida útil do projeto de Salobo. Em contrapartida, a Vale receberá pagamentos em dinheiro no futuro a cada onça entregue a Silver Wheaton.

A empresa brasileira informou que não há compromisso em relação às quantidades de ouro entregues. O acordo foi fechado em torno dos percentuais do ouro produzido como subproduto nas minas, e não a volumes específicos. Segundo a Vale, o risco operacional é reduzido – em caso, por exemplo, de parada da produção por intempéries climáticas e outros problemas.

Através de um comunicado sobre o negócio, a empresa disse que “a transação libera considerável valor contido em nossos ativos de metais básicos de classe mundial, na medida em que atribui ao ouro” a ser produzido como subproduto da mina de Salobo o valor de US$ 5,32 bilhões -considerando os termos do contrato e a expectativa de produção. O documento ressalta, ainda, que não terá “custos adicionais para a extração do ouro contido no cobre produzido em Salobo”, já que se trata de um subproduto.

De acordo com os cálculos da Vale, o investimento estimado para projeto localizado no Pará (minas Salobo I, já em operação, e Salobo II) é de US$ 4,2 bilhões. Desse total, US$ 3,05 bilhões foram investidos até 31 de dezembro de 2012. A capacidade de produção é de 200 mil toneladas anuais de cobre em concentrado mais o ouro produzido como subproduto. A transação, informa o comunicado, integra um rol de “mudanças” em sua estratégia cujo “o objetivo é de melhorar consideravelmente o desempenho e gerar valor para o acionista de forma sustentável.”

A companhia afirmou que o negócio faz parte do plano de sair de ativos que não fazem parte do foco principal da mineradora. “A Vale está buscando a redução da estrutura de custos e elevação de produtividade através da simplificação dos fluxos do processo produtivo e a paralisação de operações não rentáveis.”