O Cadastro Central de Empresas (Cempre) de 2017, divulgado duas semanas atrás pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), traz números decepcionantes sobre o dinamismo empresarial do Pará, muito embora o estado seja o 12º que mais produz riquezas no país, com Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 138,07 bilhões; o 9º mais populoso, com 8,6 milhões de habitantes; e, atualmente, o 7º que mais exporta commodities, com 7,236 bilhões de dólares transacionados no primeiro semestre deste ano.
O Blog do Zé Dudu analisou os microdados da pesquisa e observou que o Pará tem 69.523 empresas — menos até que em 2015, quando eram 70.257 unidades — e ocupa a 14ª colocação entre as 27 Unidades da Federação. É uma posição incompatível com o perfil demográfico e de produção de riquezas do estado.
Lugares “nanicos”, em termos de população, como Espírito Santo (4 milhões de habitantes), Mato Grosso (3,5 milhões) e Distrito Federal (3 milhões) têm muito mais a oferecer, empresarialmente falando. O Espírito Santo, por exemplo, tem 100.527 unidades, enquanto o Mato Grosso contabiliza 86.927, número seguido de perto pelo Distrito Federal, 86.524.
“Desenvolvimento” social espanta negócios
No Pará, os indicadores ruins nas áreas de educação, saúde, saneamento básico, segurança pública, infraestrutura e distribuição de renda associam-se e, não raro, impactam a formação de capital humano, essencial para sustentar os negócios, em andamento e novos. Um estudo da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) divulgado este ano aponta que o Pará é um dos lugares mais atrasados do Brasil em inovação.
Outros estudos, organizados anteriormente por diversas entidades de prestígio nacional, corroboram as constatações da Fiec. O próprio Cempre dá indicativos disso, a partir do fechamento de estabelecimentos empresariais no estado nos últimos anos. O desenvolvimento paraense, particularmente na área social, é o principal inimigo do próprio estado no tocante à atração de novos negócios. Enquanto isso, a economia vai se concentrando em meia dúzia de empresas que extraem do solo, não beneficiam no solo e fazem riqueza em solo distante.
E a fila anda. Mato Grosso do Sul, com cerca de 2,8 milhões de habitantes, já conta com 63.714 empresas e vem em ritmo crescente, podendo ultrapassar o Pará no próximo cadastro. Na prática, implica dizer que um lugar com três vezes mais gente está às vésperas de ficar para trás, em termos de atratividade empresarial, para um lugar em franco desenvolvimento, mas sem as mesmas potencialidades. Não muito distante desse reflexo estão as capitais desses estados. Belém, com 1,5 milhão de habitantes, arrecada meio bilhão de reais a menos que Campo Grande, que tem muito menos moradores — 900 mil.
No confronto com Santa Catarina, estado que possui 1,5 milhão de habitantes a menos, o Pará passa vergonha descomunal. Santa Catarina tem 285.591 empresas, quatro vezes mais que aqui. Outro que também dá surra no Pará é Goiás, com suas 167.148 unidades empresariais, duas vezes e meia mais e uma população inferior à paraense em 1,6 milhão de pessoas. O estado do Norte vai ano a ano sendo empurrado para trás.
Confira o ranking de empresas por Unidade da Federação elaborado pelo Blog do Zé Dudu!