O equilíbrio na relação entre oferta e procura de gado para abate deve ser comprometido nos próximos 30 dias. A causa são as queimadas nas regiões sul e sudeste do Pará. O alerta vem sendo feito pelo Presidente do Sindicato Rural de Redenção, Valteir Gomes Rezende. Ele conta que o fogo descontrolado e ainda de origem desconhecida, tem atingido muitas propriedades rurais,
matando os animais, e queimando as pastagens.
Sem o alimento no pasto, a engorda do boi ficará comprometida e o resultado final será a redução na oferta de gado. “Hoje, muitas propriedades, algumas com até 8 mil alqueires de capim, já queimaram todas. O gado está andando no limpo e a propriedade tem que dar um jeito para fornecer proteinado e torcer para que chova logo. A estiagem, esse ano, está prolongada e o boi vai enxugar. Aquela previsão de abate vai retardar porque não vai chegar a tempo. Acredito que nos próximos 20 ou 30 dias haverá uma redução da oferta”, explicou Rezende.
Na região não chove há 100 dias, mas a previsão é que no fim do mês de setembro ou mais tardar, na primeira quinzena de outubro, o tempo seco vai dar lugar aos dias chuvosos, e a situação começará a normalizar. Mas, ainda segundo Valteir Rezende, a recuperação será lenta. “A chuva chegando, o gado fica em cima da pastagem queimada e aí demora mais para o capim crescer. Fica difícil de fazer manejo dentro do pasto”. Uma situação que atinge a maioria das propriedades do sul do Pará, já que 90% da engorda é a pasto. Ainda são poucas as propriedades rurais que utilizam o confinamento na região.
Redenção é uma das maiores cidades produtoras de gado do país. Segundo o Sindicato Rural, o sul do Pará é a segunda maior região produtora do Brasil, ficando atrás apenas do Rio Grande do Sul. O gado é exportado para os estados do Tocantins e Bahia, além da região nordeste. Os frigoríficos também são grandes compradores e, em um raio de 500 km entre Marabá, São Félix do Xingu, Redenção e Santana do Araguaia há, aproximadamente, 15 frigoríficos em funcionamento, dois deles ficam no município de Redenção. Um mercado que tem garantido bons negócios para os produtores do sul do Pará. Um exemplo disso é o preço da arroba do boi. Enquanto no resto do Brasil, o preço sofreu uma queda significativa, na região sul do Pará, os produtores rurais conseguiram melhorar o preço da arroba.
“Nós aqui do sul do Pará ainda não estamos vendo essa queda no mercado. O preço do boi está meio estabilizado. Hoje, o que está sendo praticado pelo Frigorífico JBS aqui em Redenção, é R$135,00 (cento e trinta e cinco Reais) a arroba do boi e R$125,00 (cento e vinte e cinco Reais) a arroba da vaca, com pagamento de 30 dias”.
Mas esse cenário deve mudar com as queimadas avançando nos pastos. “A gente sabe que por mais que os preços permaneçam os melhores já é prejuízo para o produtor. Vai ter perda do quilo, tem muito boi que vai enxugar. Com 15 arrobas deve voltar para 12 ou 13 arrobas”, destaca Rezende.
Para o presidente do sindicato, o ano de 2017 tem sido de muita dificuldade para o produtor rural que começou com a operação “Carne Fraca” da Policia Federal, depois foi a operação “Carne Fria” realizada pelo Ibama, no Pará, que empurrou para baixo o preço da arroba do boi e agora, as queimadas são a mais nova ameaça. O Sindicato Rural de Redenção já pediu ajuda do Governo do Estado e das prefeituras da região para auxiliar os produtores rurais no combate aos incêndios.