Uma população equivalente a dez cidades do tamanho de Marabá atualmente vive dentro do Pará sem acesso à internet. Mesmo o estado mais rico da Região Norte sendo o 9º do Brasil em população, quando o assunto é navegar pela rede mundial de computadores, o Pará vai para 5º lugar em número absoluto de “desinternetizados”. São 2,46 milhões de paraenses com mais de 10 anos de idade desprovidos de possibilidade de acesso, seja por sinal ruim, seja por analfabetismo tecnológico.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu a partir de uma Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) divulgada nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para mensurar o acesso à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pelos brasileiros. Os números refletem o cenário de 2019.
Dados detalhados da pesquisa revelam que 815 mil paraenses não sabem utilizar internet. Na prática, um terço da população do Pará que não acessa internet não o faz por analfabetismo digital. Outros 659 mil simplesmente não têm interesse em acessar. Além disso, 272 mil dizem não acessar porque não há ponto de acesso disponível e 64 mil não o fazem por razões não especificadas. Mas o que mais chama atenção é o fato de que, para 649 mil paraenses, acessar internet é um serviço caro, o que os afasta da rede mundial.
Por detrás desse dado, especificamente, estão as nuances da pobreza no Pará, tendo em vista que apenas a Bahia (916 mil) e o Maranhão (843 mil) apresentaram contingentes de habitantes que alegaram não acessar internet pelo fator preço. Em São Paulo, estado mais populoso do país, com ao menos cinco vezes mais moradores que o Pará, 557 mil habitantes acham a interne tão cara a ponto de não terem condições de utilizá-la.
367 sem acesso na Grande Belém
Os números da Pnad da TIC não são desagregados em nível de município, mas as regiões metropolitanas foram investigadas. Na Grande Belém, 367 mil pessoas não têm acesso à internet. É como se uma população do tamanho de cidades de Parauapebas, Redenção e Canaã dos Carajás, juntas, vivessem alheias à rede mundial de computadores. Dos “desinternetizados”, 142 mil belenenses simplesmente não têm interesse em acessar internet e 75 mil alegam não tem condições de acesso.