O que você faria se, como pai ou mãe de família, tivesse que sustentar a si e a seus filhos com R$ 847 por mês? Não considere a inflação acumulada no período de 12 meses corridos, de 9,68%, que faz sumir R$ 117 do salário mínimo. Também não leve em conta que o valor da cesta básica não para de subir e tem preço regional de R$ 564. E então, já sabe o que faria?
Pois esse valor, de R$ 847, é a renda média domiciliar do Pará, de acordo com a mais recente pesquisa sobre o tema do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o 7º menor rendimento do país, 38% inferior à média nacional, de R$ 1.367. Numa tradução livre, o rendimento médio nos lares paraenses representa apenas 70% do atual salário mínimo, que atualmente é de R$ 1.212.
O valor consolidado do rendimento é, em verdade, referente a 2021, quando foram realizadas as rodadas da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e, dela, extraídos dados sobre os ganhos do trabalhador e da população em geral. Esse indicador, aliás, reforça a condição de pobreza perpétua a que o Pará está submetido: o estado gera muita riqueza de importância nacional, mas assiste imóvel à espoliação social de seus habitantes, que com quase nada ficam.
Segundo o IBGE, os dados de rendimento domiciliar atendem à Lei Complementar 143/2013, que estabelece critérios de rateio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), cujo cálculo é feito pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Por esta razão, estados mais pobres como Ceará, Paraíba, Amapá, Bahia, Piauí, Pernambuco, Amazonas, Alagoas e Maranhão, além do Pará, ganham mais recursos da União com vistas a reduzir desigualdades socioeconômicas. No extremo oposto, Distrito Federal, São Paulo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Santa Catarina ostentam rendimentos maiores.
Como é feito o cálculo
O rendimento domiciliar per capita é calculado dividindo-se o total dos rendimentos domiciliares (em valores brutos decorrentes de trabalho e de outras fontes) pelo total dos moradores. Na matemática, são considerados os rendimentos de trabalho e de outras fontes. Todos os moradores entram no cálculo, inclusive aqueles classificados como pensionistas, empregados domésticos e parentes dos empregados domésticos.