Exatos 555.440 paraenses com 15 anos ou mais de idade ainda não sabem ler e escrever em pleno século 21. Eles perfazem uma taxa de analfabetismo que representa 8,8% dos 6,33 milhões de habitantes com essa idade — mais que a média nacional, de 6,8%. As informações foram divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (19), e o Blog do Zé Dudu analisou com exclusividade os dados completos do suplemente de “Educação” da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) referente a números consolidados de 2018.
O exército de iletrados do Pará é equivalente a duas cidades do tamanho de Marabá entupidas até a tampa. E também é um dos maiores do país, superado apenas por meia dúzias de estados, todos com população muito maior que a paraense, como Bahia (1,483 milhão de analfabetos), Minas Gerais (1,003 milhão), São Paulo (968 mil), Ceará (956 mil), Pernambuco (888 mil) e Maranhão (844 mil).
Os números refletem a estagnação socioeducacional no Pará, que tem dificuldade para chegar aos últimos dos analfabetos, enquanto os estados com melhor qualidade de vida — das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste — até conseguiram diminuir consideravelmente seus indicadores de analfabetismo. Hoje, segundo o IBGE, as menores taxas são verificadas no Rio de Janeiro (2,4%), Santa Catarina (2,5%), São Paulo (2,6%), Rio Grande do Sul (3%) e Distrito Federal (3,1%). As maiores estão todas no Nordeste, com Alagoas (17,2%) no topo, seguido de Piauí (16,6%), Maranhão (16,3%), Paraíba (16,1%) e Sergipe (13,9%).
A Pnad do IBGE não faz recorte por municípios, mas o Blog acessou dados inéditos sobre todas as capitais. No Norte, Belém é a capital com o maior número absoluto de analfabetos, 38 mil, superando Manaus, que tem 35 mil e, ainda assim, quase o dobro de tamanho da paraense. A taxa de analfabetismo em Belém é de 3,2%, ao passo que em Manaus é de 2,1%.
Anos de estudo
Um paraense tem, em média, 8,8 anos de estudo. É o pior desempenho nacional, excluindo-se estados do Nordeste. A média de anos de estudo de um brasileiro comum é de 9,5 anos. A média ruim do Pará — embora tenha avançado 0,4 ano desde 2016 — só consegue superar os anos de estudo no Rio Grande do Norte (8,7), Ceará (8,6), Sergipe e Bahia (8,3 anos cada), Maranhão e Paraíba (8,1 anos cada), Piauí (8) e Alagoas (7,9).
No outro extremo, o Distrito Federal tem a população com mais anos de estudo: 11,4. São Paulo (10,6 anos), Rio de Janeiro (10,5), Roraima (10,1), Amapá e Santa Catarina (9,9 anos cada) e Amazonas e Rio Grande do Sul (9,7 anos cada) completam o time dos locais com mais alto nível de população letrada.