Dois anos atrás, o Blog do Zé Dudu alertou que a produção de riquezas de Parauapebas e Canaã dos Carajás — e, por tabela, do Pará, que depende desses municípios mineradores — iria cair de forma severa (relembre aqui e aqui). E não é que caiu?
A riqueza oficial do país e de suas unidades da federação, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio do Produto Interno Bruto (PIB), até aumentou de 2021 para 2022, passando de R$ 9,012 trilhões para R$ 10,08 trilhões. Mas, no Pará, a soma dessas riquezas tombou feio, de R$ 262,9 bilhões para R$ 236,1 bilhões. O recuo de R$ 26,8 bilhões em apenas um ano foi o maior do Brasil e equivalente a ter pedido um Acre ou um Amapá.
O PIB divulgado em 2024 pelo IBGE é, na verdade, o cômputo escalar de uma riqueza produzida lá em 2022. São, portanto, dois anos de carência. E não se pode tampouco se deve confundir essa produção de riquezas com a arrecadação — são coisas distintas. O PIB do Pará, expresso em um valor teórico de R$ 236,1 bilhões em 2022 e calculado pelo IBGE, não é a mesma coisa que a receita de R$ 34 bilhões arrecadada em dinheiro vivo pelo Governo do Pará em 2022, medida pelo Tesouro Nacional.
Parauapebas e Canaã derrubaram Pará
Sempre atento às estatísticas sociodemográficas, financeiras e fiscais dos estados e dos municípios brasileiros há anos, o Blog do Zé Dudu se especializou em prever cenários econômicos com rigor e técnica, acertando com maestria as projeções.
Dois anos atrás, quando o IBGE divulgou o PIB dos municípios, o Blog destacou: “…este Blog adianta que o PIB de 2022, que virá à luz em 2024, trará Parauapebas e Canaã em queda livre porque este ano o preço do minério caiu para menos da metade do que foi em 2021 e abaixo do valor de 2020” (relembre).
Em outra reportagem de 2022, o Blog antecipou: “No entanto, este ano, que está a um mês e meio de se encerrar, deve sacramentar uma dolorosa queda do PIB do Pará a ser vista em 2024, uma vez que a atividade mineradora, carro-chefe da economia estadual, não repetirá o mesmo dado de 2021 e poderá não alcançar sequer o resultado de 2020, muito em razão da queda do preço do minério de ferro no mercado internacional” (relembre).
E foi exatamente isso que ocorreu. Os efeitos de uma atividade mineradora mais fraca em 2022, em decorrência da queda de preço do minério de ferro extraído nas minas de Serra Norte (Parauapebas) e Serra Sul (Canaã dos Carajás), levaram o Pará a declinar, na contramão do que informavam de forma equivocada sites nacionais ditos especializados em economia.
PIB de Canaã vai passar Parauapebas
Para entender a dinâmica do PIB do Pará, é preciso considerar os dois motores econômicos do estado, que são atualmente os municípios de Canaã dos Carajás e Parauapebas, sem os quais qualquer previsão sobre a economia regional será nula ou, no mínimo, desacertada. Este ano, vale lembrar, o IBGE não fará divulgação de PIB por município. Inclusive, com base na atividade mineral dos dois municípios paraenses este ano, o Blog do Zé Dudu já antecipa que o PIB de 2024 do Pará, a ser divulgado em 2026 pelo IBGE, será menor que o de 2022. Ou seja, a economia do Pará vai seguir encolhendo.
Isso porque a produção mineral, principalmente em Parauapebas, tem desacelerado gradativamente de forma preocupante no médio prazo, enquanto as atenções e apostas se voltam a Canaã dos Carajás. Não por acaso, este ano Canaã dos Carajás tirou de Parauapebas a coroa de maior produtor mineral do país, título que a Capital do Minério ostentava há 20 anos consecutivos, desde que as medições de produção mineral se tornaram públicas pela Agência Nacional de Mineração (ANM).
Este ano, Canaã já está R$ 1 bilhão à frente de Parauapebas em produção mineral e, por isso, o Blog do Zé Dudu também antecipa que a ultrapassagem econômica da Terra Prometida sobre a Capital do Minério já tem data certa para acontecer: 2024, que será revelada na divulgação de PIB de 2026.
Os sinais estão todos postos, e no caso particular de Parauapebas, se não agir rápido, tanto do ponto de vista econômico quanto administrativo, toda a queda nas estatísticas econômicas vai passar a se tornar um pesadelo na vida cotidiana do município, traduzindo-se em menos recursos financeiros para a gestão local trabalhar em favor da população. E que ninguém pague para ver.