A mineradora multinacional Vale fez o Pará alcançar uma marca histórica em setembro: embarcar 19,8 milhões de toneladas de minério de ferro (segundo maior volume desde o início das operações em Carajás, na década de 1980) e cravar 1,696 bilhão de dólares em exportação (valor não superado por qualquer outro mês desde que a balança comercial passou a ser medida). O total das exportações no mês passado é recorde e o que se viu mais perto disso foi o 1,572 bilhão de dólares de agosto de 2019.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou os dados estaduais de balança comercial liberados na manhã desta quarta-feira (7) pelo Ministério da Economia. Em setembro, o Pará foi o 3º maior exportador nacional, com 2,12 bilhões transacionados, 80% deles em minério de ferro. Só os estados de São Paulo (3,616 bilhões de dólares) e Minas Gerais (2,49 bilhões de dólares) venderam mais.
Em 2019, o Pará encerrou o ano como 5º maior exportador, atrás de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Agora, a três meses do final do ano, com 14,235 bilhões de dólares exportados, a maior economia do Norte engoliu o Rio Grande do Sul e caminha para encerrar o difícil e conturbado ano de 2020 em 4º lugar no ranking nacional.
As 131,75 milhões de toneladas de minério de ferro sozinhas são responsáveis por movimentar 9,258 bilhões de dólares entre janeiro e setembro deste ano. Numa comparação bem simples, a Vale, com toda essa produção de minério, compraria sozinha a exportação inteira de 20 das 27 Unidades da Federação do país. Estados dinâmicos como Goiás (6,403 bilhões de dólares exportados este ano), Santa Catarina (6,14 bilhões de dólares) e Bahia (5,513 bilhões de dólares) não chegam sequer aos pés do que o Pará exporta em ferro.
Fã-clube
O Pará não é reconhecido Brasil adentro pelos seus índices de educação, pela oferta de saneamento básico, pela qualidade de seu serviço de saúde, pela preservação de suas florestas ou pela beleza postal de suas cidades, tidas como pocilgas urbanas. Mas, mundo comercial afora, é difícil quem não reconheça e se curve à marca “Carajás”.
Entranhadas em florestas ainda intactas que se situam numa das regiões mais devastadas da Amazônia, as serras de Carajás guardam minério de ferro de alto teor que tem tratamento “vip” no exterior, principalmente na China, onde é batizado quase como iguaria local para fazer mover indústrias siderúrgicas gigantescas que lutam contra políticas severas de controle da poluição. O minério de Carajás, devido ao alto teor de pureza, dispensa processos de transformação metalúrgica que poluem muito.
De todo o minério exportado pelo Pará este ano, 6,976 bilhões de dólares foram comprados pela China, o equivalente a 75% do total. O mais perto disso foi comprado pela Malásia, 885,6 milhões de dólares ou 9,5% do total. Ao todo, 16 países levaram do minério de Carajás para casa, um fã-clube histórico da commodity paraense.
O Blog fez o levantamento dos produtos do estado mais absorvidos pelo mercado internacional em nove meses deste ano. Confira!
A MARCA DO PARÁ: PRODUTOS QUE RODAM O MUNDO
1º Minério de ferro: 9,258 bilhões de dólares
2º Cobre: 1,275 bilhão de dólares
3º Bauxita: 1,002 bilhão de dólares
4º Soja: 719,66 milhões de dólares
5º Ouro: 307,65 milhões de dólares
6º Carne bovina: 304,74 milhões de dólares
7º Manganês: 213,81 milhões de dólares
8º Alumínio bruto: 157,46 milhões de dólares
9º Madeira103,66 milhões de dólares
10º Ferro-ligas: 102,92 milhões de dólares
11º Caulim: 102,37 milhões de dólares
12º Minério de alumínio: 102,05 milhões de dólares
13º Boi vivo: 101,72 milhões de dólares