Pelo menos 23 substâncias minerais fizeram o Pará movimentar R$ 55,29 bilhões este ano e tomar de Minas Gerais o posto de maior produtor mineral do país. Dados levantados pelo Blog do Zé Dudu junto à Agência Nacional de Mineração (ANM) neste domingo (17) mostram que, de janeiro a 15 de novembro, o estado do Norte lavrou quase R$ 7 bilhões a mais que o estado do Sudeste. É a primeira vez na indústria extrativa brasileira que Minas Gerais vê o ano findar sem dominar a parada.
De acordo com a ANM, a produção de Minas no mesmo período está na casa dos R$ 48,7 bilhões. É muito, mas não o suficiente para frear o avanço do Pará, cuja virada em 2019 foi prevista pelo Blog no início de janeiro (relembre aqui). Em 2018, Minas ganhou do Pará por diferença de R$ 1,2 bilhão. E em março deste ano, sob efeito da tragédia de Brumadinho, o estado do Sudeste cedeu e deu passagem ao Norte.
O Pará, a propósito, deve encerrar o ano com 50% a mais de movimentação registrada em relação a 2018, quando foram minerados aproximadamente R$ 42,5 bilhões. De acordo com a ANM, apenas em minério de ferro (R$ 42,63 bilhões), o faturamento da indústria mineral paraense em 2019 é maior que toda a produção do estado no ano passado. Depois do ferro, as substâncias mais valiosas são o cobre (R$ 6,49 bilhões), o alumínio (R$ 3,11 bilhões), o ouro (R$ 1,31 bilhão) e o manganês (R$ 869 milhões).
Minério de ferro
Também pela primeira vez na história, a produção de minério de ferro de Minas Gerais não é suprema. Com R$ 39,71 bilhões de movimentação, a commodity está quase R$ 3 bilhões abaixo do volume paraense. O segundo principal produto da cesta de Minas — composta por 53 substâncias — é o ouro (R$ 4,84 bilhões). E outro fato inédito: os royalties de mineração gerados pelo Pará até outubro (R$ 1,82 bilhão) estão cerca de R$ 300 milhões acima dos royalties gerados por Minas (R$ 1,54 bilhão).
Além da eterna disputa Pará versus Minas, são importantes produtores minerais, com cifras bilionárias de janeiro a novembro deste ano, os estados de Goiás (R$ 4,62 bilhões), São Paulo (R$ 3,53 bilhões), Bahia (R$ 2,9 bilhões), Mato Grosso (R$ 2,43 bilhões), Mato Grosso do Sul (R$ 1,18 bilhão), Santa Catarina (R$ 1,08 bilhão), Rio Grande do Sul (R$ 1,05 bilhão) e Amapá (R$ 1,01 bilhão). O Paraná (R$ 969 milhões) também deve ultrapassar a cifra de R$ 1 bilhão em produção mineral até o último dia deste ano.
Carajás domina
Dos cinco municípios que mais produzem recursos minerais no país, três são paraenses e estão na mundialmente famosa província mineral de Carajás. Parauapebas (R$ 26,73 bilhões) e Canaã dos Carajás (R$ 17,01 bilhões) lideram o pódio com folga. Com esse volume de produção em 2019 apenas na indústria extrativa, o Blog do Zé Dudu calcula que o Produto Interno Bruto (PIB) de ambos, que é a soma da produção de bens e serviços, será o dobro em Parauapebas (PIB de R$ 12,64 bilhões em 2016, valor vigente) e quase oito vezes mais em Canaã dos Carajás (PIB de 2,34 bilhões). Além desses dois, Marabá (R$ 5,36 bilhões em produção mineral) aparece em 5º lugar entre os municípios brasileiros que mais geram recursos minerais, atrás apenas de Congonhas (R$ 6,94 bilhões) e Itabira (R$ 5,59 bilhões), ambos situados em Minas Gerais.