Além desse estado, especialistas acreditam que outras regiões de pouca tradição na produção das amêndoas passem a apostar na cultura.
A cada safra, o Pará demonstra que possui grande potencial para elevar a produção de cacau do país e torná-lo autossuficiente. A produtividade média registrada no estado já é três vezes maior que a da Bahia. Com isso, as metas são ambiciosas e espera-se que o Brasil dobre a sua produção de amêndoas em 10 anos.
A estimativa realizada pela Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira do Pará (Ceplac-Pará), para a safra de cacau do estado, é de 115 mil toneladas em 2015/2016, possivelmente maior que a da Bahia, até então principal produtor do país. “Pelos dados da Ceplac, nós alcançamos uma média acima de 900 quilos por hectare de cacau, o que é aproximadamente três vezes mais do que a Bahia produz”, contou o secretário de desenvolvimento agropecuário do Pará, Hildegardo Nunes, durante o Fórum Estadão – A Importância do Cacau na Economia Brasileira.
A produção de cacau rendeu aos cofres paraenses mais de R$ 600 milhões na última safra. “Temos a maior produtividade do mundo. Isso nos dá competitividade no setor e lucratividade para o produtor bem interessantes”, ressalta Nunes.
Outra razão apontada para o crescimento da produção brasileira de cacau é o início do cultivo em áreas que ainda não têm tradição na cultura, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, entre outras. “Em Sergipe, o cacau substituiria a citricultura. No Ceará, foi iniciado uma experiência com cacau no município de Russas. (Também poderia ocorrer) O mesmo na Bahia, em Barreiras, por exemplo”, afirma o diretor da Ceplac, Sérgio Murilo Correia Menezes.
Ideias e projetos não faltam. Indústrias, produtores e pesquisadores vêm se unindo para encontrar meios que aumentem a produtividade, principalmente melhorando a assistência técnica. A meta do setor é voltar à marca de 400 mil toneladas por ano, que o país atingia quase trinta anos atrás, antes do aparecimento da praga vassoura-de-bruxa. A atual expectativa da produção nacional é de apenas 215 mil toneladas, 20% menor em relação à temporada anterior, devido à forte estiagem que afetou a Bahia. Com isso, o Brasil precisou importar quase 55 mil toneladas de cacau, quatro vezes mais do que foi comprado em todo o ano passado, para atender à oferta. “Hoje, temos que importar para manter as fábricas rodando e cumprir os compromissos já assumidos”, ressalta Eduardo Brito Bastos, diretor da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), após a apresentação de sua palestra no Fórum Estadão, que aconteceu em São Paulo.
Fonte: Ceag