Após três anos consecutivos em segundo lugar, o Pará voltou a ultrapassar Minas Gerais e a se firmar, neste início de ano, no topo da produção nacional de recursos minerais. Em janeiro, o estado amazônico movimentou R$ 10,75 bilhões em commodities, ao passo que o estado concorrente e berço da mineração brasileira operacionalizou R$ 9,19 bilhões. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu.
Ainda é cedo estimar que o Pará, com sua atual diferença de R$ 1,5 bilhão em produção mineral, vá encerrar 2025 à frente de Minas. O confronto entre ambos é saudável, mas, por detrás dos números, estão escondidos desejos e perspectivas de indústrias extrativas, que apostam no Pará suas fichas para ganhos estratosféricos, como é típico do setor mineral.
A última vez em que o Pará superou Minas Gerais em cômputo anual foi em 2021. Naquele ano, as operações minerais paraenses totalizaram recorde de R$ 146,58 bilhões, enquanto as empresas mineiras faturaram na terra natal R$ 142,97 bilhões — valor também recorde para o estado do Sudeste do país.
Pará e Minas têm em comum a exploração de uma commodity mineral dominante, que é o minério de ferro. Entretanto, diferem-se por questões locacionais: o Pará tem mais de duas vezes o tamanho de Minas, ainda assim, este tinha nove vezes e meia mais títulos minerários em exploração que aquele no mês passado. É por isso que, ainda hoje, Minas Gerais segue “atrapalhando” a liderança plena do Pará no cenário mineral.
Em janeiro, Minas teve uma exploração mineral rentável a cada 459 quilômetros quadrados de seu território. A título de comparação, é como ter um projeto de mineração ativo e com geração de valor a cada distância entre Parauapebas e Curionópolis (ou seja, a cada 35 quilômetros), por todo o estado de Minas Gerais. Já no Pará, devido à extensão do estado, os projetos são bem mais distantes uns dos outros. Só se encontra uma mina em exploração, em média, a cada 9.229 quilômetros quadrados — praticamente um a cada distância entre Parauapebas e Redenção (300 quilômetros).
Por outro lado, os projetos de mineração do Pará são, em média, dez vezes mais rentáveis que os de Minas Gerais, embora isso se deva ao fato de que, aqui, há uma superconcentração da atividade mineradora no colo da empresa multinacional Vale, que respondeu por 87,5% das operações do setor no estado em janeiro.
Pódio paraense
Se, em nível estadual, o Pará ainda passa sufoco para ganhar de Minas Gerais na corrida da mineração, em âmbito municipal, três localidades paraenses dominam o topo e são imbatíveis: Canaã dos Carajás, Parauapebas e Marabá. Juntas, o trio responde por 34,8% das operações minerais realizadas no país em janeiro. Ou seja, na prática, de cada R$ 10 que o setor mineral faturou no começo deste ano, pelo menos R$ 3,80 saíram das costas de Canaã, Parauapebas e Marabá.
Canaã dos Carajás, que superou Parauapebas em 2024 e se tornou campeão nacional da extração de minérios, segue em primeiro lugar em 2025. No mês passado, a chamada Terra Prometida movimentou R$ 3,727 bilhões em recursos minerais, ao passo que a dita Capital do Minério veio atrás, com R$ 3,485 bilhões. A guerra dos dois se dá no campo do minério de ferro, com Canaã — que também produz cobre — assumindo o protagonismo da produção no Brasil. Já Marabá, que é a Capital do Cobre, produziu R$ 2,242 bilhões, recebendo medalha de bronze e superando de longe o 4º colocado nacional, o município mineiro de Conceição do Mato Dentro (R$ 1,509 bilhão).
RANKING DOS MAIORES PRODUTORES MINERAIS EM JANEIRO
1º Canaã dos Carajás — R$ 3.726.518.715,27
2º Parauapebas — R$ 3.484.971.298,25
3º Marabá — R$ 2.242.063.884,54
4º Conceição do Mato Dentro (MG) — R$ 1.508.808.446,76
5º Itabira (MG) — R$ 800.736.557,95
6º Congonhas (MG) — R$ 695.703.492,63
7º São Gonçalo do Rio Abaixo (MG) — R$ 631.462.222,10
8º Mariana (MG) — R$ 586.020.582,99
9º Itabirito (MG) — R$ 578.434.394,27
10º Paracatu (MG) — R$ 575.247.459,35