Imagine aí: estradas asfaltadas parecendo um tapete; ensino público eficiente, em tempo integral, de qualidade e com professores bem remunerados; hospitais sem fila e listas de espera por cirurgias zeradas; policiais em cada esquina, equipados e índice de criminalidade abaixo da média. Esse é o Pará que foi sem nunca ter sido e cuja população carrega um fardo de pobreza e é vítima de esquecimento por políticas públicas, mesmo as mais falhas e equivocadas. No entanto, faça chuva, faça sol, o paraense não para de pagar imposto.
De 2010 a 2018, os moradores do estado desembolsaram a impressionante quantia de R$ 216 bilhões em impostos para sustentar a fome canina dos governos, 56% a mais que a própria produção de riquezas do Pará, estimada em R$ 138 bilhões, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Blog do Zé Dudu compilou as informações do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), por meio do “Impostômetro”, e constatou que apenas no ano passado os paraenses pagaram R$ 33,3 bilhões, uma quantia maior que a arrecadação do Estado, estimada em R$ 25 bilhões.
Com o suor bilionário anual dos paraenses seria possível fazer uma verdadeira revolução na infraestrutura, na logística e em serviços sociais básicos de que o estado tanto carece. Hoje, trechos rodoviários no Pará estão entre os piores do país, faltam modais integrados para escoar a produção e serviços como educação, saúde e saneamento básico estão, quando existentes e ofertados, na lanterna se comparados com as demais Unidades da Federação. Para piorar, 4,3 milhões sobrevivem com renda de menos de meio salário mínimo por mês.
Dos 365 dias do ano, o paraense trabalhou 153 só para pagar impostos. Detentor da 4º pior renda do país, o trabalhador paraense ganhava no 3º trimestre do ano passado, segundo o IBGE, R$ 1.517. Esse rendimento não chega a ser sequer metade do salário mínimo necessário estipulado em R$ 3.959,98 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) para uma família de quatro pessoas passar o mês.
Municípios
Os habitantes de Belém desembolsaram no ano passado R$ 871,71 milhões em impostos. Cada belenense pagou, em média, R$ 587. Em segundo lugar, aparecem os moradores de Canaã dos Carajás, que, juntos, pagaram R$ 174,39 milhões. Os canaaenses pagaram, em média, R$ 4.844. Isso é mais que o salário médio de um trabalhador do município, de R$ 3.712.
Na sequência, aparecem os municípios de Parauapebas (R$ 163,82 milhões), Marabá (R$ 152,46 milhões), Ananindeua (R$ 102,48 milhões), Barcarena (R$ 98,42 milhões), Santarém (R$ 74,33 milhões), Castanhal (R$ 41,06 milhões), Paragominas (R$ 36,41 milhões) e Tucuruí (R$ 33,74 milhões).
Na região de Carajás, a população de Curionópolis pagou em 2018 um total de R$ 9,61 milhões, enquanto a de Ourilândia do Norte quitou R$ 5,24 milhões em tributos. A população de Água Azul do Norte pagou R$ 2,58 milhões e a de Eldorado do Carajás, R$ 2,42 milhões.