Um de cada quatro reais produzidos em pescado nas cobiçadas águas do estado do Pará tem o município de Paragominas como titular. Embora não seja necessariamente conhecido como polo pesqueiro, o município que lidera a produção de soja no Pará e a extração de bauxita no Brasil é, também, o líder em produtos derivados da aquicultura. Quem afirma é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou dados atualizados sobre a produção de pescado por meio da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM).
O Blog do Zé do Dudu mergulhou nos números e apurou que, dos R$ 123,84 milhões produzidos em pescados no Pará em 2019, R$ 29,63 milhões saíram diretamente de Paragominas, que produz praticamente quatro vezes mais que o segundo colocado, Marabá, de cujas águas foram pescados R$ 7,73 milhões em iguarias bastante apreciadas nas culinárias paraense e nacional.
O carro-chefe da aquicultura do estado é o tambaqui, peixe de água doce que rendeu ao Pará R$ 65,79 milhões em divisas. Ele também é quem puxa a produção de Paragominas, que movimentou R$ 22,85 milhões do segundo maior peixe de escamas da Amazônia e que faz muito sucesso na China, para onde foi levado por estratégias de biopirataria no início dos anos de 1990 e aclimatado com sucesso nas águas daquele país asiático.
Em Paragominas, os criatórios comerciais dos peixes pirapitinga (R$ 2,625 milhões), tambacu (R$ 2,414 milhões) e pirarucu (R$ 1,733 milhão) também rendem muito dinheiro. O tambacu é um híbrido entre os naturais tambaqui e pacu. Nessas iguarias aquáticas, o município de Marabá também acompanha Paragominas, tendo produzido ao longo do ano passado R$ 3,38 milhões em tambaqui e R$ 2,84 milhões em tambacu.
Entretanto, diferentemente de Paragominas, cuja produção de aquicultura comercial mais expressiva é centralizada em apenas quatro peixes, a gama de Marabá é mais ampla, uma vez que movimentou R$ 520 mil em peixes da família do pintado e do surubim; R$ 517 mil em peixes do grupo da piabanha e piracanjuba; R$ 228 mil em alevinos; R$ 112 mil em pirarucu; R$ 88 mil em tilápia; e R$ 45 mil em curimatã.
No vizinho Parauapebas, 24ª no ranking estadual, a produção de aquicultura comercial movimenta apenas R$ 1,45 milhão, muito pouco para o potencial local. Ainda assim, apenas o que a capital do minério produziu timidamente em pescado com notas fiscais contabilizadas em 2019 equivale a 12,1% do orçamento efetivamente liquidado com a agricultura local naquele ano. Em outras palavras, o retorno é elevadíssimo diante do orçamento tacanho. Os principais produtos de Parauapebas são o tambaqui (R$ 1 milhão) e o tambacu (R$ 450 mil).
Camarão e tucunaré apagados
No Pará, curiosamente e apesar da demanda comercial, a produção de camarão formal movimentou apenas R$ 1,32 milhão em 2019. E o tucunaré, peixe respeitado e famosíssimo no cardápio dos principais restaurantes de Belém e do interior, com apelo internacional, rendeu apenas R$ 181 mil, valor absurdamente pequeno diante das conhecidas saídas de tucunaré no estado. A produção para comercialização de um dos peixes símbolos da prestigiada culinária paraense foi inferior à de ostras e mexilhões, que renderam R$ 813 mil.
MAIORES PRODUTORES DA AQUICULTURA COMERCIAL NO PARÁ
1º – Paragominas — R$ 29,63 milhões
2º – Marabá — R$ 7,73 milhões
3º – Conceição do Araguaia — R$ 6,16 milhões
4º – Novo Repartimento — R$ 4,69 milhões
5º – Uruará — R$ 4,55 milhões
6º – Xinguara — R$ 3,48 milhões
7º – Tucuruí — R$ 3,06 milhões
8º – Altamira — R$ 2,96 milhões
9º – Tucumã — R$ 2,79 milhões
10º – Breu Branco — R$ 2,73 milhões