Parasitas e violência sepultam 1 de cada 3 pessoas que morrem em Parauapebas

Além disso, tumores malignos superaram infarto na Capital do Minério, mas estatísticas desse tipo de óbito podem estar subnotificadas, uma vez que muitas pessoas morrem fora buscando tratamento em outros municípios. Em duas décadas, câncer já sepultou mais de mil parauapebenses

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A pandemia de coronavírus não acabou, mas não foi exatamente ela a grande responsável pela maior parte das mortes na Capital do Minério no ano passado. Além do consórcio infernal dos parasitas, formados por vírus, bactérias, protozoários, fungos e verminoses, a pandemia da violência urbana, com assassinatos e acidentes fatais, arrepiou no segundo município mais rico do Pará. Juntos, parasitas e violência enterraram em 2021 uma de cada três pessoas que perderam a vida.

As informações fazem parte de um levantamento exclusivo produzido pelo Blog do Zé Dudu, com números do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Durante todo o ano passado, 1.207 parauapebenses morreram, mas chama atenção o elevado número daqueles que perderam a vida por doenças infecciosas e parasitárias muito agressivas (229), homicídios (95) e acidentes de trânsito (76).

Esse conjunto de causas sepultou exatas 400 pessoas e superou até formas tradicionais de óbitos, como as pneumonias (90), as doenças cerebrovasculares (76) e as doenças isquêmicas do coração (69). Se forem considerados todos os parasitas e infecções que, de alguma forma, levaram à morte no município, o número salta para 284.

Já as formas violentas de mortes totais — o que inclui, por exemplo, suicídios, quedas e até intervenções policiais — computa 250 vítimas. Assim, é possível afirmar que, entre cada dez parauapebenses mortos no ano passado, quatro ou cinco faleceram por infecções ou violência, consideradas todas as formas e manifestações nesses conjuntos de causas.

Câncer mata mais que infarto

Em 2021, ao menos 86 habitantes de Parauapebas perderam a batalha contra o câncer. É o terceiro maior volume de mortes da história, só atrás de 2019, que registrou pico de 92 óbitos, e 2020, quando 87 faleceram pela terrível doença. Atualmente, os tumores malignos enterram mais pessoas do município que o infarto, por exemplo, que contabilizou 66 óbitos no ano passado, mas é tradicionalmente a forma natural mais comum com que se morre.

Em duas décadas, de 2001 a 2021, o câncer ceifou a vida de 1.077 parauapebenses, conforme contabilizou o Blog na série histórica do Ministério da Saúde. Mas o número real pode ser muito maior, uma vez que, na tentativa de se tratar da doença, muitos moradores do município buscam atendimento médico em outras cidades e até mesmo outros estados e acabam falecendo por lá, entrando nas estatísticas de mortes por câncer do lugar onde veio a óbito.

Causas de mortes mais comuns

A partir dos dados do SIM, que ainda estão em consolidação, o Blog do Zé Dudu preparou uma lista com as 12 causas de mortes mais comuns em Parauapebas no ano passado. Confira quais foram elas:

1º Doenças infecciosas e parasitárias agressivas — 229

Agressões (homicídios) — 95

Pneumonia90

4º Doenças cerebrovasculares76

4º Acidentes de trânsito76

5º Doenças isquêmicas do coração69

Diabetes mellitus — 46

7º Mortes por causa indeterminada 35

8º Doenças bacterianas (outras) — 26

Hipertensão25

9º Doenças do aparelho digestivo25

10º Doenças cardíacas (outras) — 24