Na semana passada o prefeito de Parauapebas, Valmir Queiroz Mariano concedeu entrevista ao jornalista Fernando Osório, do site Notícias da Mineração do Brasil, um dos mais importantes site sobre mineração do Brasil. Confira o que disse o prefeito:
O “crescimento demográfico desordenado fomentado pela mineração” é um dos principais fatores que dificulta o desenvolvimento da cidade de Parauapebas (PA), diz o prefeito Valmir Mariano. Considerada uma das capitais mundiais da mineração, a cidade, que recebeu de janeiro a agosto R$ 205 milhões em royalties, 17% do total arrecadado no país, enfrenta problemas que vão de saneamento básico ao déficit de moradias.
Mariano iniciou seu mandato no ano passado. Em um ano e nove meses de governo, o prefeito disse que tem feito “investimentos maciços” com os recursos obtidos pela arrecadação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), os royalties de mineração, para desenvolver os fatores socieconômicos da cidade.
De acordo com Mariano, foram construídas 12 escolas, com 12 salas cada; duas Unidades de Pronto Atendimento (UPA); 13 pontes, além de mais 10 que já estão licitadas; 700 quilômetros de estradas vicinais; e foram compradas 11 ambulâncias e 100 ônibus escolares. Antes das obras, Parauapebas tinha 50 escolas, nenhuma UPA e alugava 80 ônibus escolares.
“Nós recebemos a cidade com [vazão de] 18 milhões de litros de água por dia. Hoje, estamos distribuindo 42 milhões de litros por dia, mas ainda não é o suficiente. A demanda atual é de 80 milhões de litros por dia”, afirmou Mariano. Apenas 8% da cidade possui saneamento básico, de acordo com o secretário de Desenvolvimento, Wander Nepomuceno.
O prefeito garantiu que até o fim do seu mandato, em 2016, vai conseguir resolver o problema do fornecimento de água. Apesar das novas unidades, Parauapebas ainda tem um déficit de 30 escolas. Carência que se repete com as moradias. Hoje, o município minerador precisa de mais 25 mil moradias.
Uma das promessas de campanha de Mariano em 2011 era construir 5 mil casas, mas o prefeito conta que, logo que assumiu o cargo, viu que esse número teria que ser dobrado. Já estão sendo construídos pequenos prédios para gerar 5 mil moradias e as outras 5 mil unidades constam em projeto da prefeitura.
“Tem um fator que precisa ser equalizado: o projeto Minha Casa, Minha Vida não se adapta em toda plenitude aqui em Parauapebas. Aqui o terreno é muito caro. Nós temos que entrar com uma contrapartida de 30% a 40% do custo para cada unidade desse programa do governo. O valor que nos passam é de R$ 60 mil por casa, mas aqui não dá pra construir, então temos que fazer esse aporte. Inclusive, optando por pequenos prédios em vez de casas, para economizar em terreno”, explicou Mariano.
O prefeito disse que o crescimento da população em Parauapebas em função das operações da Vale, que possui diversos ativos na região, incluindo o S11D, segundo maior projeto de minério de ferro do mundo, dificulta a gestão. Segundo Mariano, a cidade tem hoje 270 mil habitantes. “A projeção do IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] era que tivéssemos 170 mil”. Os dados do IBGE dizem que a cidade tinha 176 mil habitantes em 2013 e uma projeção de 183 mil habitantes para 2014.
Para a suprir a sempre crescente demanda, o prefeito disse que trabalha com a previsão de 500 mil habitantes em Parauapebas, com 100% de saneamento básico, sem especificar o prazo. Outro problema da cidade é o trânsito. Segundo Mariano, Parauapebas é o município com maior número de veículos per capita. “São 60 mil com placa de Parauapebas e mais 60 mil de outras cidades, mas que rodam aqui”. Segundo o Detran, em 2013, havia 35 mil veículos emplacados no município.
O prefeito disse que tem trabalhado para buscar outras alternativas econômicas para a cidade, indústrias que possam fomentar a mineração, como atrair empresas que prestam serviço de manutenção de equipamentos. Segundo ele, hoje as máquinas são levadas para Belo Horizonte ou São Paulo.
“O importante mesmo é o conhecimento. Precisamos preparar a cidade, trazendo universidades e melhorando o nível da educação”. De acordo com o secretário de Meio Ambiente, André Aguiar, Parauapebas está em processo para ampliar o número de cursos oferecidos na cidade de oito para 14.
“Estamos trabalhando para aumentar. Hoje, temos engenharia florestal, zootecnia, biologia, entre outros. Já temos unidades, por exemplo, da UFPA [Universidade Federal do Pará] e da Ufam [Universidade Federal do Amazonas]”, disse Aguiar.
Mariano falou sobre a necessidade de maior proximidade do governo federal e do Estado do Pará junto à cidade de Parauapebas. “Tanto o governo federal quanto o governo do Estado deixam muito a desejar. Os recursos se concentram muito na União. No caso de Parauapebas é mais grave, devido ao crescimento desordenado. Precisamos de uma política que traga mais recursos para os municípios”.
“O prefeito recebeu cerca de 50 mil votos de 85 mil eleitores. Antes do Valmir ser eleito, foi feita uma pesquisa solicitada pelo comitê dele, em que 80% da população afirmou não saber quem era o prefeito. E que a maioria, segundo a pesquisa, gostaria de um prefeito que fosse empresário”, disse Aguiar.
Mariano é proprietário da companhia de estruturas metálicas Integral, que tem sede em Parauapebas. Segundo Aguiar, a companhia tinha faturamento em 2012, antes de Mariano ser eleito, de R$ 200 milhões por ano. A Integral presta serviço para as operações da Vale na região.
Ainda assim, Aguiar falou que a cidade tem manifestações todo dia, geralmente em frente à Prefeitura. “Fecham a entrada da Vale, comprometendo a troca de turno de empregados, a produção da empresa, porque caminhões são impedidos de entrar, e o trânsito da cidade. Geralmente, são MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], invasores de terreno, movimentos familiares”, disse.
Há duas semanas, a vice-prefeita Ângela Pereira rompeu com a gestão de Mariano, afirmando que os recursos têm sido mal aplicados. O prefeito se defende, afirmando que “nunca se investiu tanto como nós estamos fazendo agora. Investindo em todas as áreas, com força. A qualidade das obras é diferenciada. Para isso, o custo é diferenciado”.
1 comentário em “Parauapebas: as dificuldades sociais de uma capital mineradora”
Esse André Aguiar aparenta ser meio Burro ? A universidade é UFRA e não UFAM, procure conhecer melhor Parauapebas e as universidades Publicas da cidade onde o senhor presta serviço caso contrario demonstrará ser incompetente.