Com 208 mil habitantes, 190 mil dos quais na área urbana, e produção aproximada de 10 mil toneladas de resíduos sólidos mensalmente, a destinação de lixo e entulho urbanos sempre foi um calo no sapato do saneamento básico de Parauapebas. Atualmente, 86% da população convivem com esgoto a céu aberto num dos municípios mais ricos do país, e não há muita perspectiva de melhoria do indicador.
A prefeitura municipal tem um programa de saneamento que, embora necessário e urgente, é caro demais e cuja operação é de longo prazo, demandando décadas para atingir a universalização do serviço. Enquanto isso, importantes cursos d’água, como o Igarapé Ilha do Coco e o próprio Rio Parauapebas, sofrem com o descarte de resíduos sólidos e o despejo de águas servidas em suas margens, características de uma população que historicamente cresceu sem orientação adequada para a prática da consciência ambiental.
Esse cenário levou a vereadora Eliene Soares a pensar na criação de pontos de coleta seletiva dispersos pela cidade de Parauapebas. Motivada por populares, a parlamentar fez indicação à Prefeitura de Parauapebas para que implante pontos de coleta a fim de que população crie hábito de separar seus resíduos, o que pode facilitar o trabalho de catadores e, no médio prazo, gerar trabalho e renda com a reciclagem. A indicação foi aprovada na sessão realizada na manhã desta terça-feira (14) e segue para apreciação do prefeito Darci Lermen.
“Quando foi realizado o primeiro censo em Parauapebas, eram cerca de 40 mil habitantes, e todos podiam desfrutar das águas limpas do Igarapé Ilha do Coco. A população se multiplicou por cinco de lá para cá, a cidade cresceu e praticamente engoliu o igarapé”, lamenta a vereadora Eliene, observando que, atualmente, o consumo de bens e serviços, com a consequente produção de resíduos, transformou a paisagem natural e trouxe a poluição. Para tentar frear o avanço do descarte inadequado de resíduos, medidas domésticas precisam ser implementadas.
“Temos condições de criar estratégias de coleta seletiva para selecionar e separar os resíduos recolhidos conforme sua composição, origem e similaridade, como vidro, plástico, substâncias orgânicas, metais, lixo hospitalar e papel. Isso gera uma cadeia de valor e todos ganham: os catadores, a população em geral e o meio ambiente”, destaca a parlamentar.
Custos dos resíduos
Um estudo encomendado pela Prefeitura de Parauapebas para consubstanciar o Projeto de Saneamento Ambiental, Macrodrenagem e Recuperação de Igarapés e Margens do Rio Parauapebas (Prosap) endossa as palavras da vereadora acerca do panorama de resíduos sólidos no município.
Parauapebas gasta cerca de 4% de sua arrecadação com coleta e destinação de resíduos e, ainda assim, tem problemas com destinação. O aterro municipal é o único local disponível para disposição final dos resíduos coletados, nos casos em que não há interesse de reutilização, reciclagem ou outras formas de aproveitamento econômico. A área do aterro é de cerca de 180 mil metros quadrados, mas são necessários mais 17.500 metros quadrados para atender com qualidade.
Iluminação pública
Outro serviço público indicado pela vereadora à Prefeitura de Parauapebas e que foi aprovado por seu pares foi a reparação de iluminação de vias e logradouros no Bairro dos Minérios. A comunidade, onde residem cerca de 4.700 habitantes, está num dos cinturões mais violentos da área urbana, o Complexo Cidade Jardim.
A escuridão noturna, segundo a parlamentar, propicia a ocorrência de vários delitos; gera sensação constante de insegurança a residências, pequenos comércios e templos religiosos; e torna muitos cidadãos de bem reféns do medo e prisioneiros em seu próprio lar. “Lutar por iluminação pública de qualidade é lutar para que direitos como segurança, integridade física e bem-estar sejam garantidos”, encerra Eliene.