Um dos piores semestre da humanidade se foi e, com ele, mais de 1,2 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no país. A maioria das demissões foi processada em abril, primeiro mês cheio da pandemia do novo coronavírus. No Pará, o semestre encerrou com 5.562 empregos formais a menos. Mas Parauapebas seguiu na contramão das notícias ruins e finalizou a primeira metade do ano criando mais de 3.100 postos de trabalho. É o que divulgou nesta terça-feira (28) o Ministério da Economia, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que traz dados de junho.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que identificou Parauapebas como o 2º município brasileiro que mais criou empregos, atrás apenas do gaúcho Venâncio Aires, onde foram abertas aproximadamente 3.800 oportunidades. Esse é um verdadeiro renascimento de Parauapebas, em meio a um cenário surreal e inacreditável até o final do ano passado e que, por causa de um vírus letal, obrigou bilhões de pessoas no mundo a ficarem confinadas em casa ou socialmente isoladas, inclusive de familiares.
A boa notícia, contudo, contrasta com as quase 150 vítimas fatais da Covid-19 e os quase 18 mil casos de confirmados da doença no segundo município mais rico do Pará. Por ser cidade operária, Parauapebas não parou um segundo sequer durante a pandemia, o que favoreceu as contratações e, ao mesmo tempo, a proliferação da doença. Nem mesmo as medidas de paralisação total de serviços não essenciais — que impuseram quarentena, trouxeram prejuízo a diversos setores da economia local e foram parar na justiça — frearam o segundo mais rico município do estado.
Em junho, por exemplo, Parauapebas criou quase 2.000 empregos líquidos com registro em carteira, desfilando em 4º lugar entre os 5.570 municípios brasileiros. A retomada começou com contratações em massa no setor da construção civil, que respondeu por quase metade das vagas do mês passado, e mediante a reabertura de postos de trabalho encerrados entre março e abril nos setores de serviços e mineração. As baixas registradas em abril e maio coincidem com o avanço no número de mortes e a proliferação de casos de Covid, o que acendeu sinal de alerta no município, causando um nó no sistema de saúde.
As contratações estão sendo impulsionadas pelas obras civis do Programa de Saneamento Ambiental de Parauapebas (Prosap), que está com frentes de trabalho em vários pontos da área urbana. O detalhe, entretanto, é que os empregos são temporários e, por isso, na mesma grandeza com que os saldos positivos se mostram agora, poderão trazer ao município, no médio prazo, o dissabor dos números ruins de demissões.
Outros municípios
Além de Parauapebas, que computa exatos 3.141 empregos líquidos criados no 1º semestre, a situação foi excelente para os municípios de Pacajá (+699), Moju (+567), Itaituba (+448), Canaã dos Carajás (+308), Santa Izabel do Pará (+227), Ourilândia do Norte (+151), Redenção (+149), Santana do Araguaia (+129) e Rio Maria (+113). Ao todo, 60 municípios tiveram saldo positivo no semestre, enquanto meia dúzia de localidades apresentou saldo zerado porque demitiram o mesmo tanto de trabalhadores eventualmente contratados.
No sentido inverso, 78 localidades apresentaram retração no mercado de trabalho no período de janeiro a junho, com as perdas mais marcantes registradas por Belém (-2.601), Altamira (-2.261), Santarém (-825), Castanhal (-658), Barcarena (-645), Ananindeua (-603), Tucumã (-509), São Domingos do Capim (-479), Tailândia (-419) e Tucuruí (-417). A boa notícia é que, pela primeira vez, nenhum município paraense fecha o semestre entre os 90 que mais desempregam no país. Mesmo Belém, que fechou com números negativos, está entre as capitais menos impactadas pelo desemprego este ano e é a metrópole brasileira com números menos devastadores.