Parauapebas é terceiro município brasileiro com mais acidentes de moto

Após liberação do veículo para corridas por aplicativo, total de sinistros quase triplicou em um ano, trazendo desafios ao sistema de saúde. Frota local assiste a incremento de 22 unidades todo dia

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Um levantamento realizado com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu nesta quarta-feira (3) revela um panorama assustador: Parauapebas vive uma explosão absurda de acidentes de moto em 2024. As informações têm como base dados oficiais do Ministério da Saúde, referentes ao primeiro quadrimestre deste ano, e confronta números de internações do mesmo período do ano passado no Sistema Único de Saúde (SUS).

Em Parauapebas, motociclistas estão colidindo com carros de passeio, ônibus, caminhões, pedestres, outras motos, postes, muretas e até caindo em buracos nas ruas ou simplesmente caindo à toa. É um verdadeiro pandemônio sobre rodas que foge do controle das autoridades de trânsito. Por essas e outras, o município viu saltar o número de acidentados graves que deram entrada no SUS de 92 para 250, segundo o Ministério da Saúde.

O quadro é tão escabroso que, considerando-se todas as cidades brasileiras com internações registradas por acidentes com motos, só Santa Inês (MA) e Boa Vista (RR) apresentam situação pior que a de Parauapebas. De janeiro a abril deste ano, ao menos um a cada mil moradores entrou para as estatísticas de acidentes envolvendo motocicletas, um triste e absurdo recorde. Em números absolutos, Parauapebas está praticamente empatada com Belém, onde foram registrados 257 sinistros no primeiro quadrimestre de 2024, com o diferencial de que a capital paraense é uma metrópole com cinco vezes o tamanho da Capital do Minério.

Prejuízos em cascata

Se a situação continuar como está, Parauapebas pode encerrar 2024 com pelo menos 750 vítimas de imprudência no trânsito, exclusivamente com motos, e muitas delas fatais. É um prognóstico assombroso, visto que a quantidade de vítimas graves de acidente de moto que deram entrada no SUS ano passado foi de “somente” 329. A conta não engloba aqueles que se acidentam de moto e dão entrada em hospitais particulares da cidade, ou que simplesmente se envolvem em acidentes, caem, levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima – mas com muitos “ralados” no corpo.

O SUS tem despesas médias de quase R$ 1 mil por paciente, desde aquele que apresenta arranhões que requerem apenas medicações leves e baratas até os acidentados que se esbagaçam e precisam ser submetidos a exames como raio-x, tomografia e ressonância magnética, além de internação por dias e até intubação. A média de permanência hospitalar dos motociclistas parauapebenses que se acidentam mais gravemente é de quatro dias, mas há quem passe semanas sem ver a luz do sol e lutando pela vida.

Corridas por aplicativo

Tudo parece estar longe de ter fim. Depois da liberação da opção de viagens de moto por aplicativo, o número de acidentes – que já era altíssimo – disparou este ano. Muitos trabalhadores desempregados resolveram tirar a moto da garagem e se aventurar no mundo perigoso das corridas, que são, no geral, mais baratas que por carros de aplicativo ou mesmo por mototáxi. Além dessa “nova” modalidade de uso, já tinha a utilidade desses veículos para as entregas por aplicativo, o famoso delivery.

Até quem não tinha acabou comprando para fazer bico. De janeiro a maio, foram emplacadas 3.200 motos em Parauapebas, numa assustadora média de 21 por dia. Hoje, já são 74.300 veículos dessa natureza em circulação pela Capital do Minério, muito mais que a frota de motos de capitais como Florianópolis (73.900), Macapá (70.900) ou Vitória (31.900).

Com uma média diária de dois novos acidentados por moto, o cenário é desafiador e põe o transporte por aplicativo sobre duas rodas na mira de uma regulamentação local severa. Ao se erguer como cidade campeã de acidentes, com grande impacto na rede de saúde pública local, Parauapebas força a busca pela ordenação de sua malha viária urbana e mostra que os tantos sinaleiros e radares já não são mais eficientes. É uma epidemia de sinistros sobre motos em uma cidade com cada vez menos recursos para cuidar dos seus.

5 comentários em “Parauapebas é terceiro município brasileiro com mais acidentes de moto

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  4. João Batista Responder

    Noventa por cento carteira comprada,a polícia federal precisa prender esses bandidos assassinos que vendem habilitação.é normal dirigir na contra nessa cidade, ultrapassar pela direita em pista de mão dupla etc. Realmente é assustador.

  5. J Responder

    Os motoqueiros de Parauapebas precisam urgente de reciclagem ou reeducação no trânsito. Que povo maluco, parece que estão tentando se matar

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