O Blog do Zé Dudu havia antecipado, em 1º de dezembro de 2019, que Parauapebas e Marabá estavam entre os maiores construtores do país. Pois é: no balanço final do ano, o que parecia estar muito bom, fechou excelente. Os dois municípios mais agitados do interior do estado são, hoje, dois entre os dez que mais constroem no Brasil. É o melhor resultado da história de ambos, que não vivenciaram algo igual nem mesmo no auge do garimpo de Serra Pelada, que mobilizou um verdadeiro formigueiro humano nos tempos do vil metal.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que se debruçou sobre os números consolidados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) para o 2019 e concluiu que Parauapebas foi o 4º e Marabá, o 9º mais dinâmicos do setor nacional da construção civil.
À frente de Parauapebas, que encerrou o ano com quase 2.700 oportunidades com carteira assinada na construção civil, só as metrópoles Belo Horizonte (MG), com quase 9.700; São Paulo (SP), com cerca de 4.200; e Salvador (BA), com pouco mais de 4.100. Proporcionalmente, Parauapebas leva vantagem diante dessas capitais porque todas têm mais de 2,5 milhões de moradores — São Paulo, inclusive, é a maior cidade do continente americano, com 12,3 milhões de moradores, muito mais gente que todo o estado do Pará. Enquanto isso, Parauapebas tem pouco mais de 200 mil moradores.
Marabá, que contabilizou 1.800 empregos celetistas no setor, ficou atrás apenas dos quatro municípios citados anteriormente e de, também, Curitiba (PR), com 2.600 postos; São João da Barra (RJ) e Nova Lima (MG), com algo em torno de 2.500; e Manaus (AM), com cerca de 2.100. Em comum, os dois municípios paraenses avançam em obras públicas de infraestrutura, o que mobiliza muita mão de obra local.
Remuneração acima da média
Os pedreiros, ajudantes, carpinteiros, mestres de obra, entre outros profissionais da construção civil de Parauapebas e Marabá, não ficam atrás daqueles que moram em São Paulo ou Belo Horizonte em termos salariais. Mera ilusão pensar que as metrópoles têm mais oportunidades ou pagam melhor. Enquanto a média de admissão na carteira de um trabalhador da construção foi de R$ 1.685,04 no Brasil no ano passado, um profissional do mesmo ramo em Parauapebas chegou a ganhar R$ 75 a mais. O Blog fez um levantamento exclusivo dos salários médios pagos nos principais empregadores do país.
A média salarial na capital do minério, de aproximadamente R$ 1.760, bateu a de capitais ricas e prósperas, como a mineira (R$ 1.668) e a paranaense (R$ 1.724), mas foi a remuneração paga em Marabá que surpreendeu. Município conhecido por salários mais modestos, a média de admissão no contracheque de um trabalhador marabaense da construção disparou para R$ 1.907, 13% acima da média nacional. Só meia dúzia de municípios (todos dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina) pagam melhor que em Marabá.
As capitais nordestinas Maceió (AL), com R$ 1.304 de média salarial, e Teresina (PI), com R$ 1.329, estão no extremo oposto com as piores remunerações iniciais. Não por acaso, elas sediam alguns dos estados mais pobres do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).