Nenhum município paraense emplacou tanto carro e moto no primeiro semestre deste ano como a Capital do Minério. Nem mesmo Belém, que é uma metrópole cujo tamanho populacional chega a ser seis vezes o de Parauapebas. Dados oficiais que acabam de sair do forno mostram que, de janeiro a junho, o rico produtor de minério de ferro entrou para o seleto grupo dos 25 do país onde a população mais compra transporte zero quilômetro, figurando ao lado de importantes praças financeiras nacionais.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados consolidados e recém-liberados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) sobre o quantitativo da frota nacional. Parauapebas possui 124,3 mil veículos emplacados localmente em circulação, o que não quer dizer, contudo, que os veículos que circulam de fato no município sejam só esses — estima-se que trafeguem pela cidade outros 50 mil com placa de fora.
Só Belém (503,2 mil), Ananindeua (163,1 mil) e Marabá (137,3 mil) possuem frota total atualmente maior que a de Parauapebas, que, aliás, ultrapassou a de Santarém (123 mil) no semestre passado, conforme apurou — e já havia antecipado — este Blog.
Quando o assunto é a média de emplacamentos por mês, a história é outra: ninguém supera Parauapebas no Pará. De janeiro a junho, o município registrou ao menos 871,3 carros e motos novos por mês, à frente da média de 870 de Belém. Santarém (489,7), Ananindeua (488,8) e Marabá (467,3) vêm muito atrás. Das 27 capitais brasileiras, 13 atualmente não conseguem emplacar frota com o mesmo potencial de Parauapebas, entre elas a metrópole gaúcha Porto Alegre (336,7), uma das cidades mais importantes do país.
Vale e Prefeitura
Dois fatores explicam a explosão de veículo novo na Capital do Minério no semestre passado, tendo como protagonistas a mineradora multinacional Vale e a Prefeitura de Parauapebas. As duas “firmas” são as maiores empregadoras locais, sendo a mineradora com 8.500 empregados e a prefeitura com 12.500 servidores, inclusive os da autarquia de água e esgoto.
A Vale despeja muito salário na praça, mas também uma pomposa participação de lucro na conta de seus empregados. Mas foi a prefeitura a grande protagonista, com enxerto no início do ano de 14% nos já gordos contracheques do funcionalismo, o que levou a uma disparada de visitas de servidores às concessionárias no dia seguinte. Embora a prefeitura não remunere com participação de lucros, ela paga salários com penduricalhos muito maiores que os da mineradora para cargos equivalentes — chega a ser o dobro, o triplo ou o quádruplo, a depender do cargo. É o fenômeno que os comerciantes, e sobretudo os vendedores de carros e motos, adoram.