Crise em 2020? Que crise, que nada! Os moradores de Parauapebas desconheceram essa palavra no difícil ano da pandemia do novo coronavírus que ora finda. A capital nacional do minério de ferro prosperou tanto que, mesmo não tendo uma das cem maiores populações do país, está encerrando o ano como a 34ª cidade brasileira onde mais veículos novos foram emplacados no decorrer de 2020.
As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou dados de janeiro a novembro do Ministério da Infraestrutura, segundo os quais Parauapebas aparece com mais carros e motos emplacados que cidades cuja população supera um milhão de habitantes. Em 11 meses, Parauapebas teve um incremento de 6.110 veículos novos, um volume superior à população inteira de Bannach, Pau D’Arco e Sapucaia. A cada uma hora e 20 minutos um novo veículo foi emplacado, em sua maioria comprados por servidores públicos municipais e empregados da mineradora multinacional Vale.
No Pará, as únicas cidades que conseguiram emplacar mais frota no período foram Belém (12.825) e Ananindeua (6.505). Depois de Parauapebas, emplacaram mais veículos as cidades de Santarém (4.377), Marabá (3.951), Itaituba (2.949), Redenção (2.892), Castanhal (2.738), Canaã dos Carajás (1.956) e Barcarena (1.773). A atual frota de Parauapebas é composta por 106.525 veículos automotores, sendo superada apenas pela quantidade de Belém (483.435), Ananindeua (153.054), Marabá (126.095) e Santarém (112.222).
Veículo por habitantes
As cidades do sudeste do Pará lideram a chamada densidade de veículo por habitante. Dados cruzados pelo Blog do Zé Dudu, relacionando o total da frota com a quantidade de população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que as cidades mais ao sul do estado tem mais carros e motos por moradores.
Em seis cidades, a média já é praticamente de um (veículo) para um (habitante). Em Redenção, cidade-polo da agropecuária sul-paraense, está a maior concentração de frota: há um veículo para 1,28 morador. É praticamente elas por elas. Nas vizinhas Tucumã e Xinguara, a densidade também é elevada. Na primeira, a média é de um veículo para 1,45 morador; na segunda, um para 1,5 pessoa. Redenção, Tucumã e Xinguara têm em comum a tradição de gado forte e a colonização por fazendeiros endinheirados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo.
Outras cidades com elevada concentração de veículos são Novo Progresso (um para 1,55 habitante), Canaã dos Carajás (um para 1,71), Altamira (um para 1,8), Parauapebas (um para 2 habitantes), Itaituba (um para 2,1), Rio Maria (um para 2,17) e Marabá (um para 2,25).
Na outra ponta, são daqui do estado as cidades com menos veículos por habitante do Brasil – todas as quais localizadas na região do Marajó, considerada uma das mais pobres do país. Em Melgaço, há um veículo para 117 habitantes em média, enquanto em Bagre a média é de um para 142. Em Chaves, a densidade salta para um veículo automotor disputado entre 998 moradores, mas Afuá lidera o inverso da estatística com folga: um veículo para 3.043 pessoas.