A população de Parauapebas tem crescido de maneira acelerada, não é novidade, mas com ela têm aumentado as demandas das pessoas com necessidades especiais. Um dos grupos que crescem de maneira mais acelerada, do ponto de vista demográfico, é o de cidadãos com deficiência auditiva. O simples envelhecimento da população gera por si só uma espécie de “epidemia” de deficiência auditiva, o que não quer dizer surdez absoluta, mas implica perda parcial da audição.
E é aqui que a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) corre para se antecipar aos fatos: a pasta lançou um pregão eletrônico para, a partir do próximo dia 4, começar a estruturar o seu Núcleo de Diagnóstico Auditivo (NDA) instalado nas dependências da Policlínica. Com a medida, Parauapebas terá condições de agilizar, de maneira gratuita, o diagnóstico e o tratamento da população com esse tipo de deficiência, melhorando a qualidade de vida das pessoas e protagonizando o pioneirismo do município num nicho de saúde para o qual a rede particular de municípios até de fora do estado é a grande referência.
A informação foi levantada pelo Blog do Zé Dudu, que folheou o edital para contratação dos primeiros aparelhos do NDA, como cabine audiométrica, audiômetro, equipamento de emissões otoacústicas, imitanciômetro, entre outros. O investimento inicial previsto pela Semsa no aparelhamento do núcleo é de R$ 126,5 mil, custo baixo se for considerada a quantidade potencial de público que poderá se beneficiar dos serviços.
8.900 com dificuldade para ouvir
Dados levantados pelo Blog do Zé Dudu mostram que a população com alguma deficiência auditiva em Parauapebas saltou de cerca de 2.600 indivíduos no censo de 2000 para aproximadamente 5.500 em 2010. Cálculos próprios do Blog, considerando-se a tendência demográfica do município, apontam que a Capital do Minério tem hoje pelo menos 8.900 habitantes com algum grau de surdez, que varia de uma pequena dificuldade para escutar até não escutar de jeito algum. É praticamente a população urbana do tamanho da cidade atual de Água Azul do Norte.
De acordo com a Semsa, os cuidados relacionados à atenção especializada às pessoas com deficiência auditiva devem ser estruturados pelos componentes ambulatorial (que incluem avaliações clínicas e audiológicas, acompanhamentos e reabilitação fonoaudiológica) e hospitalar (como cirurgias e acompanhamentos pré e pós-operatório).
“Para seguir diretrizes de atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), o município precisa de equipamentos e materiais para estruturar e qualificar as ações e os serviços de saúde para atenção integral às pessoas com deficiências auditivas”, justifica a secretaria, em nota que acompanha o edital do pregão, adicionando que Parauapebas “recebe incentivo financeiro com recursos destinados a aquisição dos referidos equipamentos”.