Por Paulo Costa – correspondente do blog em Marabá
Os homens ainda são as principais vítimas de Aids em Marabá. Nos primeiros onze meses de 2013, o Centro de Testamento e Aconselhamento (CTA) cadastrou 150 novos pacientes no Programa de HIV. Desse total, 78 são homens e 72 são mulheres. Em Parauapebas, foram registrados este ano 159 novos casos de Aids.
Na avaliação da enfermeira Sandra Teixeira dos Santos, coordenadora do CTA de Marabá, a doença virou epidemia mesmo e a nomenclatura anterior, de grupos de risco, já não prevalece. Amanhã, domingo, 1º de dezembro, é o Dia Mundial de Luta Contra a Aids.
Os heterossexuais, agora, entre 29 e 49 anos de idade, são os mais vulneráveis para contrair o vírus. Ela explica que não há mais tanta discrepância entre solteiros e casados ou homens e mulheres. “Não sei se é pela liberdade sexual ou se as pessoas estão sendo displicentes mesmo na questão do uso do preservativo, apesar de nós distribuirmos aqui, nas escolas e nas campanhas”, supõe a coordenadora.
Em comparação à 2012, que registrou 170 novos casos (83 masculinos e 87 femininos), Sandra espera que este ano não ultrapasse essa quantidade. “Os casos estão estáveis e a diferença entre homens e mulheres também não está grande”, avalia.
Atualmente, o CTA de Marabá atende um total de 1.298 pacientes cadastrados, isto é, pessoas que convivem com o HIV/Aids. Até agora, em 2013, duas pessoas morreram com Aids, segundo dados do Centro. “Houve um óbito recente no Hospital Municipal, mas não era paciente nosso. Ele não sabia que tinha, foi diagnosticado lá”.
Sandra explica que existe uma diferença entre o paciente de HIV e o de Aids. No primeiro caso, o indivíduo continua saudável, apesar de ser portador do vírus. “Mas essa pessoa só tem o vírus, ela não está com Aids. Ela entra no programa e faz, a cada três meses, o exame de carga viral e o CD4, que é como vamos observar como está o nível de vírus e de células de defesa”, respectivamente, conforme orienta a coordenadora.
Quando o nível de vírus fica acima do normal e as células de defesa estão em baixa, é necessário que o paciente faça uso do antirretroviral. Segundo a coordenadora, se não houver esse controle, a pessoa não saberá que precisa do tratamento e poderá desenvolver a Aids que, de acordo com a explanação de Sandra, é quando a defesa do organismo cai e a carga viral sobe. Nesse momento, as doenças oportunistas aproveitam para agir.
Por isso, a coordenadora enfatiza que o uso do antirretroviral deve ser contínuo e ela ilustra o funcionamento do fármaco no organismo do soropositivo. “As células de defesa são uma espécie de exército e o antirretroviral é um exército reserva, que você coloca para ajudar na luta. Tem que saber o momento certo, em que você está perdendo a guerra, para pedir esse reforço. Se você não sabe, como vai pedir ajuda?”, pondera.
E é no CTA, conta a coordenadora, que os soropositivos encontram forças para suportar o preconceito e enfrentar a doença. “Aqui eles têm um ponto de apoio muito grande, porque o sigilo é completo. Eles sabem que podem confiar em nós e todos os funcionários estão preparados para recebê-los. Aqui, eles consideram como uma família. Eles procuram, ligam, desabafam”. Uma vez por mês, uma média de 20 pacientes – quantidade considerada pequena diante das estatísticas – se reúne em um grupo de apoio para receber aconselhamento.
A fim de levar ainda mais conscientização à população, o CTA realizou testes rápidos de HIV e sífilis na última sexta-feira (29), no Centro de Saúde Pedro Cavalcante. Na manhã deste sábado (30), uma equipe do órgão distribui folders e preservativos no semáforo da Velha Marabá e, no domingo (1º), quando se comemora o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, a distribuição, além de orientação, acontece no shopping.
Em Parauapebas
A cidade de Parauapebas também vai receber ações que lembra o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, neste domingo (1º). Das 7h às 9h, será feita uma intervenção entre as ruas Cinco e Catorze, na PA-275, com três postos de atendimento, chamados de “Pit Stop da Saúde”, com o intuito de instruir a população.
Além de orientações sobre a Aids, segundo o coordenador do CTA daquela cidade, Alan Miranda, “as pessoas receberão informações sobre nutrição, peso e se estão se alimentando bem. Em outro quiosque, será abordada a questão da hipertensão e diabetes, poderão fazer teste de glicemia e verificar pressão. O último quiosque será sobre a Aids e vai ter o teste rápido de Aids, hepatite e sífilis”. O coordenador acrescenta que, nesta semana, todos os postos de saúde de Parauapebas estarão abertos para a realização do teste rápido, das 16h às 18h.
ESTATÍSTICAS
Em quase 10 anos de existência, o CTA de Parauapebas já registrou 629 casos de HIV/Aids e, de acordo com Miranda, só em 2013 foram 159 novos pacientes cadastrados até agora. No ano de 2012, foram 92 novos casos. “Isso é reflexo de uma campanha agressiva de testagem. No ano passado, foram testadas 800 pessoas, e esse ano, até o mês de novembro, já foram feitos mais de 2.500 testes. Então, é óbvio que, ao fazermos mais testes, mais casos positivos irão aparecer”, diz o coordenador e afirma que os pacientes estão sendo tratados, resultando em uma taxa de mortalidade baixa e uma boa aceitação na comunidade. (Com informações de Ronaldo Modesto, de Parauapebas)