A falta de combustíveis causada pela paralisação nacional dos caminhoneiros pode atingir Marabá, Parauapebas e outros municípios da região de Carajás nesta quinta-feira (24). Em alguns postos, já há filas de carros para o abastecimento. Em Marabá, o preço da gasolina varia entre R$ 4,48 a R$ 4,89.
Rogério Lustosa, presidente da Câmara Setorial dos Postos e Distribuidores de Combustíveis de Marabá, órgão ligado à Acim (Associação Comercial e Industrial de Marabá) teme o que possa acontecer se as rodovias não forem liberadas nas próximas horas: “No que diz respeito a preços, estamos vivenciando o mesmo cenário do resto do País, com as altas constantes diárias. Quanto a estoque, em função dessa mobilização nacional, em busca de tentar baixar o preço dos combustíveis, se as manifestações permanecerem por mais dois, três dias, podem provocar um caos no abastecimento de combustíveis. Quem está com o estoque um pouco reduzido, com certeza, a partir de amanhã já começa a sofrer essas penalidades. Mas, o que eu reforço aqui é que é uma causa justa, são aumentos abusivos e não existe carga tributária igual a nossa no mundo”, lamenta ele.
César Olivi, dono de postos de combustíveis em Marabá e que abastece alguns consumidores finais de Parauapebas, também teme que a partir desta quinta-feira muitos postos fiquem sem combustíveis. Todavia, está otimista com o anuncio, pela Petrobras, de que a redução de 10% no diesel nas refinarias para os próximos 15 dias, anunciada hoje à noite pela Petrobras, possa pode aliviar a pressão. “Mas não sei se os caminhoneiros que estão protestando vão aceitar a proposta e encerrar as manifestações”, pondera.
Cyro Tida, outro empresário do segmento em Marabá, revela que os postos de combustíveis da cidade têm estrutura entre dois a quatro tanques de 30 mil litros cada. Geralmente abastecem a cada três, quatro dias. “Mas haverá corrida aos postos e se permanecer o bloqueio, os caminhões que trazem combustível para Marabá vindos de Belém e do Maranhão, por exemplo, não estão conseguindo passar e a previsão é que falte combustíveis em algumas horas”, prevê, revelando que ele mesmo tem um caminhão que está preso em um bloqueio vindo para Marabá e não consegue passar.
O servidor público Cláudio Pinheiro, 38, estava na fila de um posto no núcleo Cidade Nova e conseguiu completar o tanque com gasolina aditivada. Ele disse que ficou sabendo da falta de combustível depois de ler a notícia na Internet. Por morar nas proximidades do posto, foi o primeiro local em que parou. “Uso muito o carro para trabalhar e não posso ficar sem combustível. Por isso, decidi completar o tanque para me garantir”, explica.
Parauapebas está pior
Enquanto em Marabá os postos ainda estão “secando”, em Parauapebas a situação está pior, com cerca de 15 dos 40 deles já com tanques vazios. O preço da gasolina oscila entre R$4,85 e R$5,08, com forte demanda e sem previsão de reabastecimento nos postos. A Reportagem do blog constatou que, se as manifestações continuarem até o fim de semana, todos os 40 postos não terão mais combustível, uma vez que o abastecimento da Capital do Minério é feito a partir de Marabá.
Consumidores de outras cidades da região de Carajás também temem pelo desabastecimento. É o caso de Canaã dos Carajás, Curionópolis e Eldorado do Carajás. Em Canaã já não existe Diesel S-10 e os motoristas estão estocando gasolina em galões com medo do produto faltar. Segundo os donos de postos, ainda há gasolina para mais um dia.
Em Redenção, os postos de combustíveis ainda não foram afetados pela paralisação. No final da tarde de ontem vários caminhoneiros se aglomeram ao lado do Posto Parazão, saída para Santana do Araguaia.
Por Eleutério Gomes, Ulisses Pompeu e Zé Dudu