Um ano para recordar. Parauapebas fechou 2019 com o melhor saldo na geração de empregos com carteira assinada da história. No decorrer do ano passado, foram criadas 5.670 oportunidades celetistas, um resultado esplêndido que supera a geração de empregos de metrópoles com mais de 1 milhão de habitantes, como Salvador (4.947), Recife (4.120) e Goiânia (3.675). No acumulado de 12 meses, Parauapebas foi o 10º que mais abriu postos de trabalho num Brasil que tem 5.570 municípios.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que mergulhou na manhã desta sexta-feira (24) nos números finais do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que foram liberados pelo Ministério da Economia. Para se ter ideia da representatividade de Parauapebas no cenário nacional, basta comparar que o município do Rio de Janeiro, segundo mais populoso, mais rico e mais importante do país, andou na contramão e fechou 6.640 vagas com carteira assinada.
O resultado só não foi ainda melhor para a capital do minério porque em dezembro, como previsto pelo Blog, o mês fechou no vermelho, com 714 demissões, o que acende alerta para o ano de 2020. Se isolado apenas o mês passado, Parauapebas torna-se um dos 100 lugares que mais demitiram, ocupando a 87ª colocação, pressionado por centenas de demissões principalmente na construção civil (315) e no setor de serviços (310).
Outras praças
A prosperidade que correu para o Norte em 2019 contagiou outros municípios paraenses. Na lista das 100 praças mais dinâmicas do Brasil, estão também Ananindeua (34ª colocação e 2.565 empregos criados) e Marabá (35ª posição e 2.562 oportunidades). Santarém (73º lugar e 1.675 vagas abertas) e Canaã dos Carajás (82º e 1.436 postos formais) fecham a participação do Pará no seleto pelotão que sempre foi dominado por estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Esta, aliás, é a primeira vez em que o Pará emplaca tantos municípios entre os 100 que mais criaram empregos no país.
E tem mais: os números de Marabá devem crescer substancialmente com a totalização dos empregos por meio da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), outro cadastro administrado pelo Ministério da Economia e mais abrangente. A divulgação da Rais, geralmente feita em setembro, traz empregos formais que o Caged não computa, que são aqueles movimentados no setor público. No caso de Marabá, as contratações via concurso público pela prefeitura do município devem incrementar os resultados e empurrar o principal município do sudeste do estado para perto de Parauapebas ou até mesmo superá-lo, como ocorreu no ano passado.
Outro extremo
Se, por um lado, conseguiu emplacar cinco municípios entre os 100 que mais empregaram, por outro, o Pará também conseguiu ver cinco localidades à beira do abismo, afundadas em desemprego. O Blog do Zé Dudu cruzou vários números do Caged e constatou que a fila é puxada por Vitória do Xingu, município que ostenta um pedaço da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. O município foi o 9º que mais demitiu no Brasil, tendo desligado 1.855 trabalhadores de seu estoque.
Barcarena, com saldo de 1.103 demissões, foi o 13º que mais desempregou, sendo seguido de perto por Altamira, onde 1.028 perderam emprego, deixando a potência do Xingu na 15ª pior colocação nacional. Na sequência, aparecem Pacajá, com 936 demissões e no 18º lugar entre os demissionários; e Xinguara, com 308 desligamentos e na 99ª colocação. Em 2019, 86 municípios do Pará fecharam com saldo positivo de emprego, 54 fecharam com saldo negativo e quatro tiveram saldo zerado (demitiram e contrataram à mesma medida).
Em resumo, o Pará foi a 12ª Unidade da Federação que mais gerou empregos no ano passado, com 13.075 oportunidades formais celetistas. O estado pode e tem obrigação de melhorar, levando em conta o fato de que é, hoje, o 11º que mais arrecada, o 11º que mais produz riquezas, o 9º mais populoso e, principalmente, o 5º maior exportador. Estados menos populosos como Santa Catarina, Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso, além do Distrito Federal, conseguem gerar muito mais empregos e riquezas que o Pará, o que revela o descompasso entre a produção de bens e serviços e a captação de mão de obra local, que fica à margem das riquezas, concentradas nas mãos de poderosos grupos.