O número de moradores com diploma de faculdade explodiu 363% na Capital do Minério em 12 anos. Atualmente, 7,5% da população municipal tem curso universitário completo, mas o percentual ainda é baixo se comparado a de municípios ricos e desenvolvidos do Brasil. Entre 2010 e 2022, o número de formados saltou de 4.300 para 20 mil, em um movimento que evidencia a cada vez mais acirrada competição no mercado de trabalho local por mão de obra especializada.
As informações foram levantadas com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, que se debruçou sobre microdados inéditos do Censo 2022 recém-publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Blog vai elucidar agora, com dados oficiais, uma curiosidade que paira sobre a cabeça de muita gente: quais são as formações universitárias — por quem já concluiu curso de graduação, é claro — mais populares em Parauapebas.
Antes de matar a charada, é preciso esclarecer que, embora fosse o 105º município mais populoso do Brasil em 2022, Parauapebas era o 177º mais populoso de pessoas com diploma de faculdade. Esse descompasso se deve, entre outros fatores, ao ainda baixo número de cursos de graduação públicos disponíveis aos jovens.
A Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), o Instituto Federal do Pará (IFPA) e a Universidade do Estado do Pará (Uepa) oferecem cursos públicos e gratuitos na Capital do Minério, mas a diversidade ainda é pequena se comparada, por exemplo, à vizinha Marabá, que tem cerca de 1.600 cidadãos com superior completo a mais e é o segundo maior polo universitário do interior do Pará, atrás de Santarém.
No Pará, as maiores proporções de população com ensino superior concluído estão em Belém (15,9%), Ananindeua (11,5%), Conceição do Araguaia (10%), Santarém (9,5%), Redenção (9,2%), Castanhal (9,1%), Tucuruí (8,8%), Marabá (8,1%), Altamira (7,9%) e Canaã dos Carajás (7,5%). As taxas nessas cidades, contudo, em nada se comparam com os líderes nacionais São Caetano do Sul-SP (36,8%), Águas de São Pedro-SP (33,4%), Niterói-RJ (33,1%), Florianópolis-SC (30,8%) e Vitória-ES (30,5%).
Por outro lado, com apenas 2%, as cidades paraenses de Cachoeira do Arari e Cachoeira do Piriá estão entre aquelas com os menores percentuais de população com nível universitário e ostentam as taxas mais baixas em toda a Região Norte.
Diplomas mais comuns
Errou quem pensou que a formação em Pedagogia fosse a mais comum em Parauapebas entre os diplomados em curso de graduação. Era, em 2010, mas deixou de ser na década atual. O troféu vai para os formados em Administração e cursos afins (como Gestão Pública e uma infinidade de outras gestões por aí): são 3.405 administradores e gestores de alguma coisa contra 2.918 pedagogos. A título de comparação, há mais pedagogos circulando em Parauapebas que a população inteira de 469 cidades do país. E há mais administradores na Capital do Minério que gente em 683 cidades Brasil adentro.
A terceira formação mais comum é também a que mais cresce no município: Direito. Atualmente, Parauapebas tem, pelo menos, 1.050 bacharéis em Direito, uma vez e meia acima da quantidade de advogados inscritos na subseção local da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), 700 profissionais (que inclui também os de Curionópolis e Eldorado do Carajás), de acordo com dados recentes do conselho federal da entidade.
Na quarta posição estão os formados em Enfermagem, que totalizam 718 vivendo em Parauapebas. Os enfermeiros estão em número maior que os graduados em Engenharia Civil (691), Contabilidade (597), Serviço Social (556) e Engenharia Mecânica (549).
CONFIRA OS 15 DIPLOMAS UNIVERSITÁRIOS MAIS COMUNS EM PARAUAPEBAS
1º Administração (e afins) — 3.405
2º Pedagogia (e afins) — 2.918
3º Direito — 1.050
4º Enfermagem — 718
5º Engenharia Civil — 691
6º Contabilidade — 597
7º Serviço social — 556
8º Engenharia Mecânica — 549
9º Engenharia de Produção — 546
10º Letras — 448
11º Engenharia Elétrica — 373
12º Agronomia (e afins) — 354
13º Psicologia — 331
13º Sistemas de Informação — 331
14º Biologia — 250
15º Medicina — 228
Donos de diplomas raros
Nem todos os cursos de graduação que existem no Brasil tem representante em Parauapebas. Alguns que são extremamente raros no país até encontram donos na Capital do Minério por força da vocação econômica local. É o caso dos formados em Engenharia de Minas, profissão restrita a apenas 1,5% dos 5.570 municípios brasileiros, mas que em Parauapebas contabiliza 165 representantes, 90% deles empregados em projetos de mineração espalhados na região.
Em se tratando da formação dos engenheiros de minas, o dado do Censo 2022 é controverso, uma vez que o Blog consultou a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, para comparar e constatou que há, em Parauapebas, 356 engenheiros de minas formalmente empregados em empresas com sede no município. Ou seja, há quase 200 engenheiros de minas a mais trabalhando que o número apurado pelo censo.
Longe de polêmicas derivadas de cruzamento de base de dados, estão os formados nos cinco cursos mais raros do município: Aquicultura (12), Secretariado (11), Ciências Ambientais (11), Saúde Coletiva (11) e Artes Cênicas (10). Chega a ser mais fácil acertar na loteria do que esbarrar com alguém com esses diplomas universitários em Parauapebas.