Partidos planejam reforçar segurança de candidatos

PT admite que é impossível controlar xingamentos contra Lula
O então candidato Jair Bolsonaro foi vítima de atentando durante a reta final da campanha em 2018

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Brasília – Há sete meses das eleições, a segurança pessoal dos pré-candidatos à Presidência da República entrou no radar dos dirigentes do partidos políticos. As campanhas de Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Sergio Moro (Podemos) e João Doria (PSDB) já começaram a definir estratégias e a adotar medidas concretas para blindar os presidenciáveis de eventuais investidas violentas durante a corrida eleitoral de 2022.

A maioria deles contará apenas com o aparato oferecido por suas próprias legendas até a homologação de suas candidaturas em convenção partidária. A partir daí, conforme determina a lei, a Polícia Federal passa a disponibilizar uma equipe durante a fase oficial de campanha, que ocorre entre agosto e outubro. O primeiro passo para isso já foi dado: a PF reuniu os núcleos de inteligência de todas as 27 superintendências do Brasil durante a última semana para coordenar a produção de relatórios que devem definir o trabalho de acompanhamento dos postulantes ao Palácio do Planalto neste ano.

Os cuidados com a integridade física dos presidenciáveis ganharam maior relevância a partir das últimas eleições, quando Bolsonaro, então candidato, foi esfaqueado no abdômen durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG). Depois desse atentado, o presidente já foi submetido a quatro cirurgias e convive até hoje com complicações causadas pelo ferimento.

A campanha de Lula decidiu que, ao menos no primeiro momento, ele só participará de atos em ambientes controlados. Ontem, no primeiro evento em público do candidato petista neste ano, o ex-presidente discursou em um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no interior do Paraná, para um público estimado em cinco mil convidados. Quem não tinha convite não poderia entrar na área da fazenda, em uma região isolada. A preocupação não é por acaso: em 2018, um ônibus de uma caravana de Lula foi alvejado por tiros no estado.

Também por questão de segurança, o PT ainda não definiu o local em que ocorrerá o evento de lançamento da pré-candidatura de Lula. São quatro as possibilidades avaliadas até agora e o comitê estuda onde haveria menos risco para o presidenciável. Como ex-mandatário, Lula tem direito a utilizar os serviços de quatro servidores para a sua segurança pessoal e dois veículos oficiais com motoristas, benefícios garantidos desde o fim de seu mandato. As despesas são custeadas pela Presidência da República. A assessoria de imprensa do petista, no entanto, não confirma se ele utiliza esse aparato ou se conta com algum tipo de reforço.

Preocupação

A atenção com a segurança de Bolsonaro está elevada a níveis altíssimos, visto que ele ocupa o cargo mais importante do país e já foi alvo de um atentado em 2018. Em janeiro, o presidente afirmou à imprensa que o tema era uma de suas preocupações, sobretudo durante as viagens que faz pelo Brasil.

Em sua recente visita à Bahia, Bolsonaro contou com um plano reforçado montado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), responsável por sua proteção. O órgão redobrou os cuidados e reforçou o planejamento para que o presidente pudesse visitar um reduto histórico do PT. A assessoria de imprensa do GSI não deu detalhes sobre a operação e afirmou ao GLOBO que “não fala sobre a segurança do presidente”.

Sergio Moro também busca meios para evitar a vulnerabilidade. O ex-ministro da Justiça conta com uma escolta privada de policiais da reserva ou licenciados – profissionais contratados diretamente pelo Podemos como consultores de segurança. Integrantes da sua equipe lembram que há 15 dias o ex-juiz estava visitando uma fábrica no Paraná quando ocorreu uma explosão que matou dois operários. Moro, segundo pessoas próximas, passaria pelo local exato do acidente 20 minutos depois do ocorrido. Embora tenha se tratado de uma fatalidade, o episódio ligou o alerta da campanha.

Ao deixar o governo de São Paulo, em abril, data-limite para candidatos se descompatibilizarem de cargos públicos, João Doria será acompanhado por agentes da Casa Militar pelo período de quatro anos. O benefício também é garantido em lei. A campanha do tucano, porém, não forneceu detalhes sobre o contingente que fará a sua segurança.

Por Val-André Mutran – de Brasília