O pedido de recuperação judicial da companhia aérea Passaredo, presidida por José Luiz Felício Filho, na última sexta-feira, não foi bem uma surpresa para o mercado. “As mudanças ocorridas no setor de 2008 para cá, com a crise e a entrada de novos competidores no mercado de aviação, jogou uma pressão muito maior sobre as aéreas regionais”, afirma Felipe Queiroz, analista da Austin Ratings. Como resultado dessas mudanças,nos últimos tempos, não foram poucas as empresas que atuam com rotas regionais que tiveram destino parecido com o da Passaredo. “O custo fixo de manter uma aérea, mesmo que de pequeno porte, é muito elevado e com a pressão por preços que tem marcado o setor, é difícil para as menores sobreviverem”, diz Queiroz.
Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apontam que, em outubro de 2010, 10 companhias aéreas regionais atuavam no país. N os dados de agosto deste ano, mais recentes disponibilizados pela agência, restavam cinco empresas atuando neste tipo de rota, sendo que a Trip foi recentemente incorporada pela Azul. “O aumento da renda tem feito com que as empresas de maior porte olhem com atenção para cidades de médio porte, onde está a base de operação dessas companhias regionais. Isso foi mais um elemento de pressão sobre elas”, afirma Queiroz.
Apesar de ter entrado com pedido de recuperação judicial, a Passaredo não acredita que entrará para o grupo das que deixaram de operar. Segundo a empresa, em um primeiro momento nada mudará e os planos futuros de crescimento estão mantidos. “Apresentaremos um plano viável, que contemplará todos os credores e contribuirá para a reorganização do caixa. Depois disso, a empresa voltará a crescer como antes”, diz Aires Vigo, advogado da Passaredo.
No comunicado em que anunciou que havia entrado com pedido de recuperação judicial, a Passaredo apontou fatore s considerados temporários como os maiores causadores do aumento da dívida, hoje estimada em R$ 100 milhões. Segundo a empresa, entre os fatores que contribuíram para o pedido, estão “o alto preço do combustível, o atendimento das demandas regionais utilizando jatos e, inclusive, uma concorrência específica, momentânea e predatória”.
Histórico
Por mais que a companhia se esforce para demonstrar otimismo com a possibilidade de recuperação, as perspectivas históricas não estão entre as mais animadoras. Desde que a nova lei de recuperação de empresas começou a vigorar, em 2005, nenhuma das companhias aéreas que entrou com pedido de recuperação judicial conseguiu escapar da falência ou da incorporação por alguma das gigantes do setor. “No caso da Passaredo temos elementos suficientes para acreditar que o destino será diferente”, afirma Vigo. Entre os elementos citados por ele, está o forte crescimento do PIB da região de Ribeirão Preto, no interior paulista, onde a empresa tem sua base, e o fato de a dívida da Passaredo, estimada em R$ 100 milhões ser muito menor do que a registrada por companhias como Varig, que após entrar em recuperação judicial, em 2005, acabou vendida à Gol
Fonte: Brasil Econômico