Criadores buscam frigoríficos menores para vender seu rebanho
Com poucas opções, algumas fazendas aceitam preço da JBS
Pecuaristas têm reclamado dos baixos preços pagos pelo boi gordo em Mato Grosso e no Pará. Eles questionam, principalmente, a atuação da JBS, que, depois de adquirir diversas plantas, teria estabelecido um monopólio e imposto preços mais baixos. A reportagem da Revista Globo Rural visitou algumas propriedades no Pará e Mato Grosso com o Rally da Pecuária e conversou com fazendeiros sobre o tema.
“O cartel de frigoríficos causa sofrimento a quem cria gado”, disse o gerente da fazenda Morro Verde João Nascimento. De acordo com ele, em 2013 o rendimento não foi tão bom como anos anteriores por causa da falta de opções de compradores. Os frigoríficos fora do grupo JBS ficam muito distantes, fazendo o frete não compensar no valor final, tendo o mesmo custo.
A mesma reclamação vem das terras da fazenda Bela Vista, em Cumaru do Norte (PA). O gerente da fazenda Ramon Anderson de Souza diz que acabam presos ao grupo frigorífico, mas que tem conseguido diversificar compradores. “A gente está escravo para vender para a JBS. Eles pagam muito abaixo que outros compradores. Hoje vendemos para a cidade de Xinguara, que já mandamos o boi pesado da fazenda e, com isso, tem mais segurança na hora da venda. Eles também pagam melhor”, explica.
Mas nem só de dinheiro são feitas as relações de fornecimento de carne. O pecuarista Acioli Teixeira, da fazenda Santa Clara, não tem a JBS como destino para suas oito mil cabeças de gado porque segue fiel a um de seus primeiros compradores, o frigorífico Frigol. Além disso, garante que o pagamento é melhor. “Já vendi para a JBS, mas agora só foco no Frigol porque fico tranqüilo com pagamento, além do preço ser um pouco melhor”, contou.
O pecuarista Anacleto Bravos, da fazenda Olinda Bravos, em Água Azul do Norte (PA), relatou não se preocupar com o monopólio, já que tem dez frigoríficos em municípios próximos para os quais destina seu gado, e também segue vendendo para o JBS. Em média, o grupo paga R$ 110 por arroba, o que satisfaz Anacleto.
Fonte: Globo Rural