A passagem do pico da pandemia de coronavírus pela capital paraense parece ter feito despertar uma nova Belém naquela que existia e era avacalhada Brasil afora. Reconhecida como uma das capitais brasileiras mais sujas e atrasadas, sem saneamento básico, com educação básica precária, sistema de saúde no limite, infraestrutura urbana deficiente e, por tudo isso, nada atraente para investidores e visionários, Belém despontou em julho com a mais nova meca de geração de empregos no país. A boa notícia chega após enfrentar momentos dolorosos por conta do alastramento da Covid-19, que fez mais de 2.000 vítimas fatais na metrópole.
Ao lado de outras quatro capitais nacionais, todas duramente afetadas pela Covid no período entre março e maio, Belém se tornou a 5ª cidade brasileira que mais gera postos de trabalho com carteira assinada. Essa é a melhor posição ostentada pela capital paraense em mais de uma década. As informações foram levantadas pelo Blog do Zé Dudu, que analisou o desempenho dos municípios paraenses na configuração nacional do mercado de trabalho formal a partir de dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia e referentes a julho.
No mês passado, Belém apresentou saldo líquido de 1.260 postos com registro em carteira, sendo superada apenas por Manaus (2.547), São Paulo (2.269), São Luís (1.856) e Fortaleza (1.271). Esse saldo decorre de 5.889 contratações e 4.629 desligamentos. Belém bombou nos cinco grandes setores da economia e fechou com saldo positivo em todos, com destaque para construção civil (615) e comércio (362).
Dentro dos principais setores econômicos, a metrópole abriu 311 oportunidades com carteira assinada na área de construção de edifícios e outras 301 em obras de infraestrutura financiadas pela administração pública. No comércio varejista foram abertas 344 vagas e o setor de serviços de escritório garantiram mais 195.
No acumulado do ano de 2020, porém, o saldo da capital do Pará ainda está no vermelho. Belém contabiliza 1.448 demissões a mais que contratações. Se serve de consolo, entre as capitais brasileiras, a situação de Belém é, ainda assim, uma das melhores, já que 20 outras tiveram saldo no mercado de trabalho muito pior.