A Representação Eleitoral movida pela Comissão Provisória do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro – PRTB contra o prefeito Darci José Lermen e seu vice, João Trindade, teve mais um capítulo na manhã desta sexta-feira (20). Uma audiência que seria realizada no gabinete da 106ª Zona Eleitoral, mas foi remarcada a pedido da defesa de Darci Lermen, abriu margem para constatar, definitivamente, que todo planejamento da acusação foi por água abaixo após a disponibilização, pela juíza titular da 106ª ZE, da perícia realizada pelo Núcleo de Análise da Polícia Federal em Marabá no Smartphone de Marcelo Nascimento Beliche, principal testemunha no processo.
A perícia a qual o Blog do Zé Dudu teve acesso constatou haver relação umbilical entre Beliche e Cassio Marques (principal apoiador financeiro da campanha de Júlio Cesar Oliveira às eleições 2020 em Parauapebas), já que conversas travadas entre os dois apontam que Marques vem bancando Beliche desde antes da divulgação dos supostos crimes que deram origem à representação.
As conversas e arquivos extraídos do smartphone de Beliche, segundo a perícia, dão a entender que o aparelho passou a ser utilizado a partir do dia 20/11/2020, portanto após as eleições municipais de Parauapebas, de forma que não foram encontrados dados que pudessem auxiliar na elucidação do caso, tendo em vista que o fato investigado está relacionado com doações eleitorais para o pleito de 2020. Todavia, em uma das conversas capturadas pela perícia, Beliche nega ao ser interpelado por um outro contato se este tinha uma dívida financeira com Cassio marques. Porém, diz a perícia : ” Há
indícios da existência de um trato financeiro entre eles que envolveria a delação realizada pelo MARCELO, havendo diversas mensagens que sugerem que CÁSSIO passou a custeá-lo durante o período no qual ocorreu a delação”. Segue o relatório informando que “quanto a uma possível dívida existente entre MARCELO e CÁSSIO, cabe destacar que, do smartphone daquele, foi extraída uma conversa com o contato “Dr Bruno Couto (DF)”, que aponta para a possibilidade de que tal dívida, de fato, existia (Figura 157, Figura 158 e Figura 159), com o próprio MARCELO fazendo o questionamento: “Como eles sabem que ainda tava devendo pro Cássio…”.
Segundo apurado, “as mensagens trocadas entre MARCELO BELICHE e o contato CÁSSIO MARQUES, deixam claro o interesse que este tinha na delação, sendo que boa parte da conversa gira em torno desse tema. O envolvimento de CÁSSIO MARQUES com a delação é tal que, no dia 25/02/2021, ele envia o PDF com o texto de uma procuração para MARCELO BELICHE, na qual este figura como outorgante e os advogados LUIZ CARLOS DA SILVA NETO e GEOVANE VERAS PESSOA, como outorgados (Figura 47, Figura 48 e Figura 49). Da conversa, depreende-se que, em fevereiro/2021 – mesmo mês no qual veio a público o fato investigado neste IPL, com diversas reportagens publicadas em sites de notícia no dia 26/02/2021 –, MARCELO reuniu-se com CÁSSIO MARQUES e JÚLIO CESAR (possivelmente, o JÚLIO CESAR candidato a prefeito de Parauapebas, no pleito de 2020, pelo PRTB) em Belém, tendo a viagem, aparentemente, sido financiada por CÁSSIO (Figura 19 a Figura 51).
A conversa via Whatsapp entre Marcelo Beliche e Cássio Marques, extraída do smartphone analisado, inicia no dia 10/02/2021 e termina no dia 26/03/2021, Dela, segundo o relatório, “há sete comprovantes de transferências, tendo como
origem dos recursos a conta da TRANSMARQUES e como destino a conta de MARCELO BELICHE, que totalizam R$ 7.500,00, sendo que CÁSSIO pode ter repassado ainda mais recursos para o MARCELO. Observa-se que, num dos pedidos, CÁSSIO só manda a mensagem “caiu dinheiro aí”, mas não envia o comprovante, e em n’outro, CÁSSIO diz “chegar aqui te passo”, sugerindo haver outra forma de repasse de recursos que não a transferência bancária.
O Blog disponibilizou todo o relatório da perícia, que pode ser conferido no final dessa matéria. Nele, há claros indícios que a delação de Beliche foi armada por Cassio Marques em conluio com Júlio César para que este assumisse a prefeitura de Parauapebas após uma suposta cassação da chapa Darci/João do Verdurão.
É salutar lembrar que Júlio Cesar foi o segundo colocado na eleição municipal de 2020. É mais importante lembrar, ainda, que seu crescimento político se deu após a massificação nas redes sociais de um suposto tiro desferido contra o candidato, que mereceu até menção no programa global Fantástico, fato que, segundo peritos do Instituto Renato Chaves, ficou posteriormente provado, por laudos, ter sido armado pelo próprio Júlio César.
Com a perícia do Smartphone de Beliche em mãos a justiça eleitoral irá analisar todas as provas, e já remarcou para o dia 31 de agosto uma nova audiência, de onde deverá sair uma decisão. Leia atentamente o resultado da perícia e faça suas conclusões. Monte um tripé que envolve um empresário com dívidas gigantescas, mas doa uma pequena fortuna a um candidato; um empresário que é o maior doador do candidato rival; um candidato que, segundo o Instituto Renato Chaves atirou em si próprio em busca de notoriedade ou de se tornar uma vítima do sistema e que agora busca na justiça assumir a vaga perdida nas urnas.
A confirmação da relação pouco republicana dos três envolvidos mostra que há pessoas que buscam o poder a qualquer custo, não temendo nada e tampouco se preocupam com as formas para se chegar ao poder. Talvez, e fica aqui a dica, se desprendessem todo o capital financeiro e horas gastas tramando maracutaias para se chegar ao poder em vez de construir alianças políticas com outros partidos, ou contato com o povo, teriam tido melhor resultado.
Confira o inteiro teor do laudo pericial no Smartphone de Marcelo Beliche:
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