O Conselho Administrativo da Petrobras aprovou, nesta quinta-feira (23), o plano estratégico referente ao período de 2024 a 2028, com previsão de investimentos de US$ 102 bilhões (R$ 500,20 bilhões de reais na cotação de hoje), 31% acima dos US$ 78 bilhões do plano anterior, que considerava os aportes entre 2023 e 2027. No recorte do plano, está previsto o investimento de R$ 3,1 bilhões para a exploração da Margem Equatorial, numa faixa de parte da Amazônia até um pequeno trecho do Nordeste. O anúncio saiu após o fechamento do mercado e as ações da estatal fecharam em estabilidade de + 0,01%, a R$ 35,17, o papel (PETR4).
Na região Norte, a Margem Equatorial é dividida em cinco bacias, 42 blocos exploratórios e 14 empresas que detêm direitos exploratórios comprados em leilões do governo federal. As companhias trabalham para comprovar o tamanho e a viabilidade de exploração econômica dessas supostas reservas. Mas para começar o trabalho precisam de variadas licenças do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Na quarta-feira (22), o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, estimou para janeiro de 2024 a decisão sobre a licença de pesquisa de petróleo e gás natural na Margem Equatorial, inicialmente na Costa do Amapá, a 540 km de distância da costa do estado amazônico, no Alto Mar do Atlântico Sul, na Bacia Amapá-Pará (confira).
O Plano (2024-2028)
Maior empresa da América Latina e uma das 500 maiores do mundo, a estatal Petrobras anunciou em seu Plano de Investimentos que petróleo e gás natural continuarão como as principais fontes de geração de recursos, enquanto investimentos “rentáveis” em baixo carbono “ganham relevância para a geração de valor a longo prazo”.
Segundo o presidente da empresa, Jean Paul Prates, os investimentos em baixo carbono serão intensificados, “com projetos rentáveis para geração de valor a longo prazo”.
A Petrobras pretende investir 9% do total em iniciativas de baixo carbono nos próximos cinco anos. “Vamos fazer a transição energética de forma gradual, responsável e crescente, investindo em novas energias e sem abrir mão da produção de petróleo”, disse Prates.
“Ainda serão necessários investimentos em exploração e produção para que a demanda de energia seja atendida”, acrescentou.
A previsão de investimentos em exploração e produção (E&P) equivale a 72% dos US$ 102 bilhões. No plano anterior, o E&P respondia por 83% dos investimentos.
A área de refino, transporte e comercialização responde por 16%, gás e energia e baixo carbono, por 9% e administrativo, 3%.
O aumento do investimento, diz a empresa, está associado principalmente a novos projetos — o que inclui potenciais aquisições —, a ativos que estavam em desinvestimentos e voltaram para a carteira de investimentos e à inflação de custos.
Em relação aos US$ 73 bilhões previstos para o E&P, a companhia ressaltou que 67% deste total serão dedicados ao pré-sal.
A curva de produção considera a entrada de 14 novas plataformas no período 2024-2028, dez das quais já contratadas.
A Petrobras informou ainda que projeta, com o novo plano, atingir em cinco anos a produção de 3,2 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia. A produção do pré-sal representará 79% do total no final do quinquênio. Em 2024 e 2025, a produção projetada pela petroleira é de 2,8 milhões de barris por dia.
Na área de refino, o plano prevê o aumento de capacidade de processamento nas unidades em 225 mil barris por dia e da produção de diesel S-10 em mais de 290 mil barris por dia até 2029, suportado pela entrada de grandes projetos como o trem 2 da Rnest e implantação de novas unidades de produção de diesel (HDT) nas refinarias Revap, Regap, Replan, Rnest e Gaslub.
A estatal também vai destinar até US$ 11,5 bilhões para projetos de baixo carbono. Na média 2024-2028, o investimento em baixo carbono representa 11% do investimento total da Petrobras, indicando avanço na posição atual da companhia em relação aos seus pares de mercado. A previsão é que o investimento em baixo carbono ganhe espaço gradualmente no portfólio da companhia ao longo do período, chegando a 16% em 2028.
O plano tem como premissas uma variação do preço médio do barril do tipo Brent de US$ 80 no ano que vem até US$ 70 em 2028, com o câmbio variando de R$ 5,05 por dólar no ano que vem para US$ 4,90 por dólar em 2028. O caixa de referência definido no plano é de US$ 8 bilhões, o endividamento projetado é inferior a US$ 65 bilhões e o pagamento de dividendos previsto segue a política de remuneração vigente.
“Os investimentos devem ser financiados prioritariamente pelo fluxo de caixa operacional, em níveis equivalentes às companhias congêneres’’, diz a empresa.
*Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.