A Petrobras anunciou o envio de um navio-sonda para retomar a exploração da Margem Equatorial brasileira, trecho da costa que se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte. A embarcação perfurará o poço de Pitu Oeste, na Bacia Potiguar.
O navio-sonda deixou o Rio de Janeiro na terça-feira (5) e deve começar a perfuração ainda neste mês. A previsão é que o trabalho dure de 3 a 5 meses.
De acordo com a estatal, a autorização para perfurar poços exploratórios em águas profundas da Bacia Potiguar foi concedida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em outubro deste ano.
O Pitu Oeste é o terceiro poço da concessão BM-POT-17, que já foi explorada anteriormente, sendo a última perfuração em 2015.
A Petrobras informou que ainda que pretende perfurar o poço Anhangá, em outra concessão da Bacia Potiguar (POT-M-762).
“Em nosso Plano Estratégico 2024-2028, está previsto US$ 3,1 bilhões em investimentos em atividades exploratórias na Margem Equatorial. Esse esforço já dá a medida da confiança em que depositamos no potencial dessa faixa do litoral brasileiro, muito promissora e fundamental para garantirmos a segurança energética do país”, disse o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, por meio de nota.
Entenda o funcionamento de um navio-sonda
De que maneira é possível alcançar poços submarinos de petróleo e gás e como é o desafio de vencer a turbulência provocada por ventos e marés?
As jazidas de petróleo podem ser encontradas tanto em camadas mais superficiais quanto nas mais profundas da terra.
Jazidas de petróleo também ocorrem no fundo mar, mas para isso faz-se necessário a utilização de equipamento capaz de ultrapassar toda a camada de água e alcançar o fundo do oceano para fazer a perfuração e para isso é utilizado o navio-sonda.
As plataformas de perfuração
Há variados tipos de plataformas para a produção de petróleo, porém nem todas atingem as jazidas em águas mais profundas. Para isso faz-se necessário a utilização de uma Unidade de Perfuração Marítima (UPM).
Com a necessidade de perfurar jazidas submarinas profundas, novas técnicas e equipamentos offshore (mar aberto, em inglês) surgiram. Dentre elas estão as plataformas do tipo navio-sonda.
Afinal, o que é uma plataforma tipo navio-sonda?
As perfurações marítimas são semelhantes as feitas em terra. A diferença é que as sondas utilizadas no mar têm a diferença de se acomodar a diferentes profundidades, tornando possível explorar áreas muito mais amplas sem muitas limitações.
As plataformas do tipo navio-sonda foram projetadas para fazer a perfuração de poços submarinos ultrapassando uma lâmina d’água com mais de 2.000 m de profundidade. As mesmas podem ser operadas sem o suporte de barcos de apoio ou de serviço. A Petrobras é considerada a companhia que detém o maior know-how do mundo em exploração de petróleo em águas profundas, detendo os recordes mundiais nessa modalidade de exploração.
A torre de perfuração do navio-sonda fica localizada em seu centro. Há uma abertura no casco que possibilita a passagem da coluna de perfuração, por onde são montados os componentes utilizados durante a operação.
Assim, a lâmia d’água é transposta, o equipamento atinge o fundo do mar e começa sua perfuração até atingir a jazida de petróleo. Por isso, essa plataforma oferece a possibilidade de perfurar a grandes distâncias da costa.
Como é possível manter o navio-sonda estável?
O leitor deve estar se perguntando como é possível manter o navio-sonda estável em detrimento das turbulências em função das ondas, correntes e dos ventos.A razão está no fato de que o navio-sonda tem um sistema de posicionamento que é composto por propulsores, sensores acústicos e computadores. Toda essa tecnologia moderna consegue anular os efeitos provocados pelas correntes, as ondas e o vento, mantendo o navio estável em sua posição.O equipamento auxilia manter a estabilidade da embarcação de uma forma automática, mas também existe a possibilidade de um navio-sonda ser ancorado no solo marítimo para realizar as perfurações.As plataformas de perfuração do tipo navio-sonda são as mais indicadas para a produção de petróleo, não só pelo fato de permitirem explorar poços submarinos mais profundos, como por sua grande capacidade de estocagem, garantindo uma maior autonomia, tanto em função de não precisarem dos barcos de apoio como também por se localizarem a grandes distâncias da costa.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.
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