Quando a missionária estadunidense Dorothy Mae Stang foi assassinada em 2005, poder-se-ia imaginar que os crimes de desmatamento ilegal iriam diminuir na região de Anapu, onde o crime ocorreu. Mas a prática continua. E nesta quinta-feira (5), a Polícia Federal cumpre 9 mandados de prisão preventiva e 10 mandados de busca e apreensão contra esses criminosos. Trata-se da operação “Stang. Ação”.
De acordo com a Polícia Federal, um grupo organizado de madeireiros que desmata a região usa “olheiros” para avisar sobre a chegada da fiscalização. Mas nesta quinta os bons ventos da Polícia Federal derrubaram o castelo de cartas da organização. Foram apreendidas armas, veículos, aparelhos celulares e documentos.
Autorizada pela Justiça Federal, a operação mira 12 investigados e busca apreender bens de até R$ 1 milhão de cada um. Três deles são suspeitos de desmatar sem autorização; os outros fazem parte de um esquema organizado para alertar sobre a chegada de operações ambientais.
Segundo o que foi apurado pela PF, os olheiros cobravam R$ 200 para passar informações sobre movimentação de órgãos de fiscalização e policiais. O lucro mensal podia ultrapassar R$ 40 mil. Quando avisados, os madeireiros escondiam toras de madeira e maquinários em dias de operações.
Para se ter uma ideia do quão lucrativa é a exploração de madeira na região, 50 árvores de ipê, cerradas, poderiam render cerca de R$ 1 milhão na exportação. Madeira de castanheiras – cujo corte é proibido, por estarem ameaçadas de extinção – e angelim-pedra também eram alvos dos criminosos.
A região de Anapu se tornou mundialmente conhecida pelo assassinato de Dorothy Mae Stang, em 12 de fevereiro de 2005, por madeireiros da região, daí o nome da operação. A irmã Dorothy, como era conhecida, foi morta com seis tiros aos 73 anos de idade, após receber ameaças por conta de sua atuação em conflitos agrários.