PF prende ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e cumpre mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente

A operação busca provas inserção de informações falsas no sistema do Ministério da Saúde, sobre vacinação contra Covid-19, para facilitar a entrada de Bolsonaro e comitiva nos Estados Unidos
Ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado de seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid Barbosa

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Brasília – A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira (3), o tenente-coronel Mauro Cid Barbosa, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em operação ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no âmbito do inquérito das milícias digitais, os federais cumprem também, mandato de busca e apreensão na casa de Bolsonaro, em Brasília.

De acordo com as primeiras informações, o inquérito das milícias digitais que é relatado pelo ministro Moraes, apura a atuação de um grupo que teria inserido dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.

Há indícios coletados pela PF da suposta falsificação do certificado de vacinação, cujo objetivo era viabilizar a entrada, nos Estados Unidos, de Bolsonaro, familiares e auxiliares do então presidente, driblando as exigências da imunização obrigatória daquele país.

Os agentes cumprem 16 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro, além de análise do material apreendido durante as buscas e realização de oitivas de pessoas que detenham informações a respeito dos fatos. A lista do restante dos alvos ainda não foi divulgada.

Segundo a PF, o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas” e “sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.

Agentes apreenderam o celular do ex-presidente, que até o momento, se recusa a fornecer a senha. A ex-primeira-dama Michele Bolsonaro, inicialmente, também não passou a senha, mas, posteriormente, autorizou acesso ao seu aparelho que também foi apreendido.

A Controladoria-Geral da União (CGU) vinha apurando a possibilidade de inserção de dados falsos no cartão de vacinação de Bolsonaro. Há suspeitas de que dados de familiares também foram fraudados, disseram autoridades a par das investigações.

A investigação em questão foi aberta durante a gestão do entao ministro Wagner Rosário, da CGU, próximo do fim do antigo governo. Em janeiro deste ano, um grupo de hackers divulgou um cartão de vacinação que supostamente seria de Bolsonaro. Nele constava o registro de uma dose da vacina contra a Covid-19, que teria sido aplicada em uma unidade de saúde em São Paulo, com data de 19 de julho de 2021.

Matéria atualizada às 8h50

Os policiais federais que cumprem os 16 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva, em Brasília e no Rio de Janeiro em determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes, até o momento prenderam o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid Barbosa, e outras cinco pessoas.

Além  do comprovante de vacinação do próprio Bolsonaro, também foi adulterado o da filha mais nova dele, Laura. Na família de Mauro Cid, a falsificação beneficiou a mulher e a filha. O deputado Gutemberg Reis (MDB-RJ) também foi beneficiado do esquema

Segundo a PF, as inserções falsas ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022. As falsificações permitiram aqui os investigados emitissem os respectivos certificados, mesmo sem terem se vacinado.

De acordo com a corporação, os fatos investigados configuram, em tese, crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, inserção de dados falsos em sistemas de informação e corrupção de menores.

Outras prisões

Na operação no Rio de Janeiro, foi preso o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha. Ele é um dos seis alvos da Operação Venire, de participar de um grupo que, segundo as investigações, fraudou cartões de vacinação da Covid-19 durante o governo de Jair Bolsonaro.

Max Guilherme Machado de Moura, policial militar da reserva, ex-sargento do Bope, também foi preso. Acaba de ser preso Sérgio Cordeiro, militar do Exército, que também atuava na proteção pessoal de Bolsonaro. A PF ainda investiga a situação de outros membros da comitiva, como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Irmão de ex-prefeito é alvo

Também é alvo de buscas o deputado federal Gutemberg Reis (MDB), irmão do ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis, atual secretário estadual de Transportes, do governo de Cláudio Castro (PL).

A Polícia Federal foi a endereços ligados ao político em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. De acordo com as investigações, Gutemberg teria falsificado o cartão de vacinação contra a Covid. Segundo o site da Câmara dos Deputados, o político tem passaporte diplomático.

Segundo Gutemberg Reis, a busca e apreensão da Polícia Federal aconteceu no endereço antigo dele no Rio de Janeiro. Desde terça (2) o deputado está em Brasília e disse que não houve busca e apreensão nem no gabinete, nem no endereço dele na capital federal.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.