O deputado federal Alex Manente, líder do Cidadania na Câmara dos Deputados, propôs em entrevista a jornal paulista, nesta segunda-feira (6), a troca da sede da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), de Belém (PA), para Porto Alegre (RS). O evento será realizado em novembro do próximo ano. O deputado alega que o principal motivo da mudança seria mostrar os impactos práticos das mudanças climáticas.

O congressista foi eleito pelo estado de São Paulo, portanto, sem qualquer ligação com o Rio Grande do Sul ou com o estado do Pará. A proposta foi considerada uma pilhéria por deputados da bancada paraense. “Um deputado do baixo clero que quer aparecer age assim,” disse um deputado federal do Pará que, para não dar moral ao “desatinado colega”, prefere não ter o seu nome publicado.

Manente lidera o Cidadania, um partido nanico com oito deputados federais e um senador, que está na lista da extinção imposta pela cláusula de barreira, caso não consiga uma fusão com outros nanicos ou partidos de médio ou grande porte, até as eleições gerais de 2026; ou se submeta a receber ordens de outra legenda, na composição de uma Federação Partidária.

O deputado paulista disse ainda que apresentará a ideia aos demais líderes partidários, em busca de aprovação, e vai propor a mudança na Câmara dos Deputados. De acordo com ele, a realização da COP 30 em Porto Alegre seria importante para a revitalização e reconstrução da cidade.

Como a bancada do Pará não tem nenhum líder partidário, ou seja, não possui assento no Colégio de Líderes, Manente vai levar a proposta em frente sem ser contraditado.

Ele justifica: “Porto Alegre, como palco da COP 30, seria uma vitrine para o mundo testemunhar os impactos concretos e devastadores do aquecimento global. Precisamos mostrar como as adversidades climáticas estão remodelando nossas vidas e convocar uma ação coletiva para enfrentar este desafio global”.

Demonstrando total desconhecimento dos objetivos da COP 30, dos preceitos da administração pública e quebra dos contratos já assinados, Manente não tem a dimensão do que é a realização de uma COP, pela primeira vez, numa cidade da Amazônia brasileira, para mostrar ao mundo o potencial de preservação do Bioma e discussões sobre a sustentabilidade econômica de projetos de bioeconomia e sustentabilidade ecológica, ambiental de uma nova indústria. O congressista não tem qualquer chance de andar em frente com a proposta.

Ou existe um total desconhecimento do deputado sobre as negociações para a realização da COP 30 no Pará, que foi avalizada pela própria Organização das Nações Unidas (ONU), e em 2025, será o marco de dez anos do Acordo de Paris, a principal convenção climática da entidade, ou o deputado é um despreparado, ou quer aparecer se aproveitando da desgraça do povo gaúcho.

O tratado histórico foi assinado em 2015, durante a COP 21, na capital francesa. O documento estabeleceu metas para a redução de emissões de gases causadores do aquecimento global. O que causou a catástrofe no Rio Grande do Sul foi um conjunto extremo de fatores climáticos que podem, com menor ou maior peso, ser ocasionados por anomalias das mudanças climáticas.

O Ministério das Relações Exteriores estima que o país deve receber cerca de 50 mil visitantes em Belém nos dias da COP 30.

Por Val-André Mutran – de Brasília