Brasília – O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, anunciou há pouco, em nota distribuída à imprensa, que o evento de filiação do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) está suspenso por prazo indeterminado. Na manhã deste domingo (14), o dirigente enviou uma carta aos deputados da legenda, membros do Diretório e da Executiva Nacional, explicando os motivos e pedindo aval para a sua decisão. Bolsonaro não concorda com “certos acertos” do partido em apoio a adversários do presidente em vários estados.
No documento, Valdemar diz que, após trocas de mensagens com Bolsonaro durante a madrugada, ficou acertado o “adiamento” do ato marcado para 22 de novembro, não havendo nova data para a assinatura da ficha para o ingresso no PL.
Fontes consultadas pela Reportagem do Blog do Zé Dudu dão como certo que o presidente está “fora do PL, sem nem ter entrado”.
Em visita oficial a países do Oriente Médio, o presidente afirmou, pela manhã, que sua ida para o PL só estará confirmada quando ele assinar a ficha de filiação. “A gente não vai aceitar, por exemplo, em São Paulo apoiar alguém do PSDB. Não tenho candidato em São Paulo ainda, talvez o [ministro da Infraestrutura] Tarcísio [de Freitas] aceite esse desafio,” declarou Bolsonaro.
Tudo indica que Bolsonaro está impactado ou arrependido de assinar com o PL. Há reação de apoiadores nas redes sociais à sua aproximação a Valdemar Costa Neto, a quem chamou de corrupto antes de ser eleito presidente. Costa Neto foi condenado e preso pelo envolvimento no caso do Mensalão, esquema de distribuição de dinheiro para políticos durante o primeiro governo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (de 2003 a 2005).
A decisão de entrar no PL tem impacto de alto poder explosivo. A candidatura do agora adversário, ex-juiz e ministro, Sergio Moro, crescerá substancialmente, apontam especialistas em marketing e ciência política.
Se Bolsonaro foi eleito com o discurso de combate à corrupção, essa narrativa cai por terra ao decidir entrar no PL, campeão de deputados presos na Operação Lava-Jato, comandada por Moro. “É como se o discurso da moralidade fosse retirado de Bolsonaro e caísse no colo de Moro, por gravidade dos últimos acontecimentos que estão sendo revelados nos últimos meses,” disse à Reportagem um deputado que não quer o nome revelado.
O PL tem acertos com adversários figadais do presidente Jair Bolsonaro em vários estados. No Pará, o PL, controlado pela família Vale, apoiará a reeleição do governador Helder Barbalho (MDB).
O MDB do Pará é adversário do governo e um dos entusiastas da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022 à cadeira principal do Palácio do Alvorada.
Por Val-André Mutran – de Brasília