O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou em Brasília, no último dia17, da assinatura de contrato que destina R$ 318,5 milhões do Fundo Amazônia para o Plano Amazônia: Segurança e Soberania (AMAS). A celebração do acordo entre o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, foi no Salão Leste do Palácio do Planalto, em Brasília (DF), em cerimônia restrita a número seleto de convidados.
Além de investimento nos profissionais de segurança federais e locais, as ações de inteligência e fiscalização serão reforçadas a partir da aquisição e do aluguel de equipamentos para enfrentar o crime organizado, como helicópteros de médio porte, lanchas blindadas e viaturas.
Um dos principais objetivos do AMAS é estruturar e aparelhar o Centro de Cooperação Policial Internacional (CCPI-Amazônia), em Manaus, e reforçar a integração com a Companhia de Operações Ambientais (COA), unidade da Força Nacional especializada em combate ao desmatamento.
A ideia é ampliar e facilitar o intercâmbio de informações entre as forças de segurança federais, representantes das secretarias de segurança pública dos nove estados da Amazônia Legal e representantes dos demais países que compõem o bioma.
Há um rio no meio do caminho
O colossal Rio Amazonas, o mais extenso do mundo, é utilizado, assim como seus afluentes, igualmente gigantescos, por quadrilhas de traficantes e contrabandistas desde que os humanos habitam a Terra. Não é possível monitorar 6.992 km desde a cordilheira dos Andes, no Peru, até a região da ilha de Marajó, no norte do estado brasileiro do Pará, em sua desembocadura no Oceano Atlântico, sem muitos investimentos e alta tecnologia.
Esse curso d’água possui milhares de afluentes, que formam uma enorme bacia hidrográfica de sete milhões de km² de área, estendendo-se por sete diferentes territórios da América do Sul.
O Rio Amazonas é importante porque atravessa a Floresta Amazônica, que abriga a maior biodiversidade do mundo. Além disso, ele fornece água para uma grande população, que também tira dele o seu sustento, e é utilizado como via de transporte, uma rota certa para os grupos criminosos.
Sem pesados investimentos que devem ser necessariamente, num primeiro momento, arcado pelos países que integram a PanAmazônia, e posteriormente por mecanismos multilaterais que permitam mais recursos para investimentos em equipamento, e sistemas de monitoramento capazes de combater de forma articulada o crime organizado, o governo vai perder o território para o crime organizado intranacional e estrangeiro.
Nas fronteiras por onde o Amazonas rasga as entranhas da terra da maior selva tropical do mundo, o que não faltam são organizações criminosas no Peru, Bolívia, Colômbia e Venezuela, todas especializadas em tráfico internacional de cocaína e pasta base de cocaína, o comércio mais lucrativo entre as drogas recreativas utilizada no mundo.
O tema deve ter painel específico de discussões e negociações internacionais durante a realização da COP 30, a Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será sediada na cidade de Belém, capital do Pará, que se prepara para receber cerca de 100 delegações de diferentes países, entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
* Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.