Plenário cassa mandato de deputada acusada de mandar matar marido

O pastor Anderson do Carmo foi assassinado com 30 tiros há dois anos
A deputada Flordelis tentou convencer os colegas de que é inocente, mas não obteve sucesso

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Brasília – Por 437 votos favoráveis, 7 contrários e 12 abstenções, o Plenário da Câmara dos Deputados acaba de confirmar a recomendação do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa e cassou o mandato da deputada Flordelis (sem partido), acusada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil do Rio de Janeiro de ser a mandante do assassinato do marido, o pastor Anderson do Carmo, em junho de 2019, em Niterói (RJ), fuzilado com 30 tiros na garagem de sua casa há dois anos. Dois filhos da deputada estão presos acusados de autoria material do crime.

A matéria foi votada nesta quarta-feira (11). Para cassar o mandato, são necessários os votos de pelo menos 257 deputados (maioria absoluta) em votação aberta e nominal. Além de perder o cargo, a deputada ficará inelegível por determinação da Lei da Ficha Limpa. O suplente que assume o mandato de Flordelis é Jones Moura (PSD), partido a qual deputada foi eleita como uma das mais votadas na eleição de 2018, no estado do Rio de Janeiro.

A cassação foi aprovada na forma do parecer do relator do processo no Conselho de Ética, deputado Alexandre Leite (DEM-SP), que consta do Projeto de Resolução 57/21, já promulgado.

O relator afirmou que a deputada Flordelis usou o mandato para coagir testemunhas e ocultar provas. Ele ressaltou que a análise do Conselho de Ética se limitou a fatos considerados antiéticos, sem entrar no mérito de quem é o culpado da morte do pastor Anderson do Carmo.

O relatório, segundo ele, comprova o uso indevido do mandato pela deputada. “O que se extrai desse processo no âmbito de Conselho de Ética são os fatos antiéticos, como o uso do mandato para coação de testemunha e para ocultação de provas”, disse Alexandre Leite.

Defesa

A sessão permite a manifestação do parlamentar acusado de quebra de decoro e Flordelis fez a sua própria defesa oral, precedida de seu advogado. Ela reafirmou a inocência. “Caso eu saia daqui hoje, saio de cabeça erguida porque sei que sou inocente, todos saberão que sou inocente, a minha inocência será provada e vou continuar lutando para garantir a minha liberdade, a liberdade dos meus filhos e da minha família, que está sendo injustiçada”, declarou.

Flordelis afirmou que os deputados se arrependerão do resultado. “Quando o tribunal do júri me absolver, vocês vão se arrepender de ter cassado uma pessoa que não foi julgada”, disse Flordelis.

Reportagem: Val-André Mutran – Correspondente do Blog do Zé Dudu em Brasília.