A polícia de Marabá começou a interrogar ontem (30) 12 agricultores ligados ao Movimento dos Sem-Terra (MST) presos no sábado, sob a acusação de assalto e porte ilegal de armas. Segundo a polícia, eles estavam roubando motoristas na rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás.
A área fica nas proximidades da Fazenda Maria Bonita – invadida recentemente pelo MST. Ela pertence à Agropecuária Santa Bárbara, empresa do grupo do banqueiro Daniel Dantas.
Em poder dos acusados, que confirmaram pertencer ao MST, policiais rodoviários apreenderam nove espingardas do tipo cartucheira, munição, um binóculo e um revólver calibre 38. Até o começo da noite de ontem, os dirigentes do MST não se manifestaram sobre as prisões.
Além dos militantes do MST, a fazenda do banqueiro também foi invadida por grupos da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará (FETAGRI) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF)
Os dois grupos afirmam que chegaram antes e não gostam da presença dos militantes do MST. Há um permanente clima de tensão entre os três grupos. O quadro é agravado pela presença de um quarto grupo, de grileiros.
Ainda segundo os sem-terra, que preveem a desapropriação da fazenda, eles se instalaram em uma parte das terras e prometem resistir, tanto à ação dos outros invasores quanto da polícia. Funcionários da fazenda disseram que o motivo das brigas entre os grupos é a disputa pelas residências dos empregados da propriedade, expulsos do local desde fevereiro .
Em Brasília, manifestantes do MST, com o apoio de centrais sindicais, protestaram ontem em frente à sede do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o que chamaram de tentativa de criminalização dos movimentos sociais no Brasil. Os manifestantes reclamaram especialmente do presidente do STF, Gilmar Mendes, que recentemente afirmou que é ilegítimo repassar dinheiro público para movimentos que promovem invasões de terras. Os manifestantes gritavam “fora Gilmar Mendes” e “trabalhador rural não é marginal”.