O PMDB elegeu neste sábado, por aclamação, o deputado Michel Temer (PMDB-SP) para mais um mandato na presidência do partido. Com a vitória da chapa de Temer, a única inscrita na convenção nacional da legenda, ganha força dentro do PMDB a aliança do partido com o PT nas eleições presidenciais de outubro –com a esperada indicação de Temer à vice-presidência da República na chapa da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) ao Palácio do Planalto.
Na convenção nacional do partido, 570 delegados do PMDB elegeram o diretório nacional composto, entre os seus 119 integrantes, por aliados de Temer. O novo diretório escolheu, por aclamação, a nova executiva nacional da legenda presidida por Temer –que será integrada por 24 membros.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO) ficou com a vice-presidência do partido, enquanto a deputada Íris Araújo (PMDB-GO) e o senador Romero Jucá (PMDB-RR) vão ocupar, respectivamente, a segunda e a terceira vice-presidências do partido.
Raupp e Jucá disputavam o cargo de vice do partido nos bastidores. Pressionado, Jucá abriu mão para que a legenda passe a imagem de unidade. Como Temer deve se licenciar do cargo em junho para disputar a vice-presidência da República, o vice vai assumir o comando do partido com o seu afastamento –o que acirrou a disputa entre Raupp e Jucá.
A tônica da convenção foi mostrar que o PMDB está unido em torno da Temer para fortalecê-lo na corrida presidencial. Numa demonstração de força, o deputado conseguiu reunir as principais lideranças do partido depois que um grupo peemedebista contrário à aliança com o PT tentou suspender a convenção.
O PT enviou como seu emissário à convenção o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) –na tentativa de mostrar que prioriza o PMDB como parceiro na disputa presidencial.
A convenção se transformou num desagravo a Temer, aclamado em vários discursos dos peemedebistas como o futuro vice-presidente na chapa de Dilma. Mesmo cotado para ser indicado a vice, assim como Temer, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB-GO), foi a convenção com o discurso de unidade peemedebista.
"Eu acho que como ministro eu devo estar presente à convenção. É uma convenção pacífica, para a eleição da executiva. A unanimidade muitas vezes não é sequer desejada. É normal que haja debate político", afirmou Meirelles.
Além de Meirelles, os ministros Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), Hélio Costa (Comunicações) e Edison Lobão (Minas e Energia) marcaram presença para apoiar a reeleição de Temer.
Entre os governadores peemedebistas, Sérgio Cabral (RJ), André Pucinelli (MS), José Maranhão (PB), Eduardo Braga (AM), Carlos Henrique Gaguim (TO) e Paulo Hartung (ES) manifestaram publicamente apoio à indicação de Temer para a vice-presidência na chapa de Dilma.
"Temos na figura do presidente Michel Temer um homem conciliador. Tem três mandatos de presidente da Câmara, homem ético, decente, com todas as condições para representar o PMDB na chapa nacional com Dilma Rousseff", afirmou Cabral.
Presidente do PMDB desde 2001, Temer também conta com o apoio da bancada do partido no Senado, num cenário diferente das eleições de 2006 –quando Câmara e Senado eram rachados dentro do partido. "Pela primeira vez, os nossos corações não estão divididos no PMDB. Certamente iremos partir para fazer aliança com o presidente Lula. Mas a nossa aliança é daquele que tem participação a dar", disse o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).
Divisão
Ao longo da convenção, Temer repetiu que sua indicação para a presidência conta com o apoio da ampla maioria dos delegados do partido, num recado ao grupo contrário à aliança nacional do PMDB com o PT. Liderado pelo governador Roberto Requião (PR) e o ex-governador Orestes Quércia, o grupo reuniu assinaturas dos diretórios de São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Pernambuco para tentar suspender a convenção –iniciativa que acabou derrubada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Nenhum dos caciques contrários à aliança com o PT compareceu à convenção. Foram representados por poucos delegados que criticaram a união com os petistas em rápidos discursos em momentos de esvaziamento da convenção.
Na certeza de que será indicado à vice-presidência, Temer já deu início às conversas para montar o programa de governo do PMDB depois do carnaval. Segundo o deputado, a ideia do partido é participar integralmente da montagem do programa da ministra Dilma, sem ingressar no governo somente após a sua eleição.
"Até então, o PMDB entrava depois no governo. Agora, a gente entra antes", afirmou. O PMDB vai esperar que o PT elabore o seu programa de governo para, em seguida, apresentar as diretrizes peemedebistas para o futuro governo de Dilma Rousseff, caso a pré-candidata petista seja eleita.